Sunday, December 31, 2017

Folhas Soltas (4)




A camarilha capitalista não descansará enquanto não vir as cidades transformadas em campos de concentração para efeitos de trabalho, consumo e diversão.


O capitalista é o ser libertado de todas as amarras, mas totalmente submetido ao Deuses da Finança e da Economia.


A democracia liberal não é nem nunca foi um fim em si, mas sim uma plataforma de implementação da subversão no mundo ocidental.


O processo de desespiritualização do ser humano inicia a sua etapa final quando este começa a diferenciar-se pelas suas práticas sexuais. 


A diferença entre um fanático pregador apocalíptico e um adepto de futebol: o primeiro conhece o espírito que o acomete. 


A generalização da corrupção em todos os sectores da vida pública e privada do ocidente é uma amostra dos verdadeiros instintos humanos, quando não supervisionados e guiados. 


A grande diferença de um moderno para um tradicionalista: só este sabe como os dois pensam! 


A incessante atividade do moderno em argumentar, discutir, criar grupos e movimentos revela uma descrença profunda nas suas "convicções". 


A negação de Deus não é mais que a moderna admissão da derrota do homem na Sua busca.


Ouço queixumes generalizados que a nova geração não respeita a instituição do casamento. Como poderiam se já os seus avós não entendiam as verdadeiras razões da sua fundação? 


A opinião generalizada de que existem sectores de conhecimento humano "imparciais" e "neutros" é uma prova insofismável da eficácia do logro subversivo.


A perversidade moderna de fingir "debater" ao mesmo tempo que rotula as posições contrárias como doenças mentais é ao mesmo tempo genial e diabólica. 


A propagação das trevas é inevitável: o único que controlamos é a atitude perante estas.


A Revolução Francesa poderá ser melhor compreendida como o ato que permitiu a hipnotização das massas humanas por via de conceitos abstratos. 


A Revolução Francesa poderá ser melhor entendida como o momento em que os verdadeiros líderes da humanidade passaram para os bastidores. 


A busca da sabedoria pela sabedoria há muito que desapareceu; hoje ela é guiada pelo lucro, trabalho, autopromoção ou ideologização. 


A todos os que hoje criticam o terrorismo: por acaso fazem ideia que a ideologia reinante nasceu do mesmo e da sua aplicação impiedosa? 


A tomada da Bastilha é o culminar de um ódio visceral ao homem que a sociedade já não podia conter. 


Nas democracias, todas as decisões fraturantes realizadas sobre temas ‘civilizacionais’ nunca são feitas por peritos "neutros" e muito menos deixadas ao acaso! 


Alguém disse uma vez que o animal têm 3 preocupações: abrigo, sexo e comida. Quantas mais terá o homem moderno? 


Todo o tradicionalista reconhece que o maior perigo de todos jaz nos EUA, na sua política e no seu povo.


Aquele que só sabe de factos e não liga a causas, não poderá deixar de ser objeto da história.


As forças da subversão desprezam infinitamente mais os que a seguem que o que se lhes opõem: estes, ainda que insignificantes, são seus inimigos; os outros, massa informe.


Cabe a todos os verdadeiros reacionários uma tarefa essencial: purgarem-se de todos os vírus progressistas que, infelizmente, também os afetam.


Capitalismo: teorização para mascarar a ganância; comunismo: teorização para mascarar a inveja. 


A homossexualidade massificada é uma anomalia, por muito disseminada que se encontre. Anomalia física, moral e espiritual - dos indivíduos e da sociedade.


Como a história demonstra e demonstrará, a restauração da ordem exige reações cada vez mais violentas contra a desordem que se propaga. 


Como já dito por Platão, a democracia é o sistema político que apela aos piores instintos do homem. Todos os dias esta afirmação é vingada. 


Como já foi dito, apesar de este ser o período da história mais degradado, também é aquele em que mais fácil será atingir a salvação. 


Comparar sociedades antigas com base em avanços materiais é injusto e ao mesmo tempo desculpável: quem hoje o faz não possui outro meio de comparação. 


Comparar um templo monástico na Idade Média com o templo moderno do estádio de futebol, é um exercício ao mesmo tempo deprimente e revelador! 


Criticar a burka e o véu islâmico, e a este respeito qualquer vestimenta tradicional, é um ataque aos valores da verdadeira feminidade. 


Depois da Revolução Francesa, qualquer revolução das massas não mais é que uma cópia reles daquela; uma imitação de feira.


É cada vez mais claro que a liberdade de expressão foi apenas um instrumento tático das forças subversivas e nunca um princípio absoluto a ser preservado. 


E se alguém lhe dissesse que o atual estado do mundo já tivesse sido previsto por todas as civilizações antigas? 


Estranho como muitos ditos radicais de direita nunca questionem que o racialismo é uma ideia modernista, como o são o socialismo e comunismo. Ódio a raça e  ódio a classes andam de mão dada.


Eu ainda sou do tempo em que incitar à homofobia envolvia espancar um casal de larilas... Como os tempos mudam! 


Fala-se tanto de individualismo, mas a mentalidade de manada impera. 


Freud, Marx, John Locke, Engels, Kant, Adam Smith, Bill Gates, Henry Ford – a modernidade foi parida por homens brancos heterossexuais. Como os detesto! 


Divertido observar católicos a denigrir o Islão usando o mesmo tipo de insultos lançados por ateístas contra o Cristianismo. 


Haverá sintoma maior do medo a Deus do que a atitude moderna de negá-lo violentamente e alistar outros homens nessa empresa? 


Hoje somos muito inferiores aos antigos: enquanto nós procuramos a verdade, eles tiveram contacto direto com ela e nela habitavam. 


Argumento absolutamente insofismável que sem dúvida calará os que menosprezam a monarquia: ao contrário da república, só esta, tem origem divina. Ou vence o argumento ou é considerado louco.


Não será a ilusão de querer salvar um mundo sem salvação uma ideia subversiva? 


Nos períodos finais de desagregação, o homem vertical tende progressivamente a apenas encontrar refúgio dentro de si. 


Nota para os racialistas: na sociedade da Tradição, o membro da casta superior só era admitido após iniciação, nunca apenas por nascimento. 


Notar como o homem, desde que negou Deus, se rodeou de ídolos: Ciência, progressismo, humanismo, liberdade, tolerância, individualismo, etc. 


Num mundo progressista, um reacionário é visto como traidor. Não esquecer: traidor que trai traidor tem 1000 anos de perdão! 
  

Nunca percebi muito bem todas as críticas a Donald Trump: tudo o que o ele diz e faz em exagero e a quinta-essência de um político moderno. 

Saturday, December 30, 2017

Folhas Soltas (3)




O rácio ‘poder do povo/liberdade do povo’ é uma relação proporcionalmente inversa. Todas as calculações diabólicas o são.


Interessante viver nestes tempos em que o capitalismo e a subversão revolucionária não mais têm necessidade de esconder a sua aliança. 


As necessidades de moralizar e de manter formas exteriores de decoro são típicas de civilizações às portas da dissolução.


Estamos já prontos para admitir que não são apenas os homens muçulmanos que não conseguem controlar os seus instintos sexuais quando se deparam com uma mulher não coberta?


Os modernos teóricos da conspiração são tão só vozes profanas e materialistas da tomada de consciencialização que o mal se propaga na Mundo.


Se vivessem durante a Idade Média, a sua habitação seria num mosteiro.


Se dúvidas existissem, note-se apenas no facto de que nenhum deles concebe a existência de uma conspiração com o objetivo da implementação do Bem na Terra.


De todos os sistemas que falam de uma Verdade mais elevada, os mais elevados são aqueles que não a tentam definir ou delimitar.


Já que a linguagem é um instrumento grosseiro e a mente um ilusório composto de matéria…


Pois o que faz parte do devir apenas possui uma existência subsidiária e não contém o seu princípio fundador.


Este princípio é o inimaginável, o não-criado, o ilimitado, que só pode ser compreendido fora de qualquer modo de existência.


Amaldiçoada seja o homem que por cada 10 ideias somente tem 9 corretas. Abençoado seja aquele que apenas segue o caminho correto.


A conceção ateística de culpa: como não poderás ter danação eterna, pagarás tão severamente quanto possível na Terra pelos altos crimes praticados contra o Progresso!


Um amigo recentemente frequentou um seminário New Age sobre a busca de significado e a necessidade de seguir os sonhos individuais como condição de realização espiritual. Mal de lá saiu promoveu numa nova tradução dos Protocolos dos Sábios do Sião!


A busca do infinito ultrapassa a busca do bom, já que o bom necessita do mal para existir.


‘A vítima necessita de ser acreditada sob quaisquer circunstâncias’ é uma típica arma marxista para avançar a sua ideologia: apela ao sentimentalismo, compaixão e à fraqueza moderna de ajudar os fracos e oprimidos.


Tal é ecoado na mentalidade escrava predominante que instintivamente apoia estes slogans.


O instinto de demonizar os ricos e poderosos, hoje tão em voga, desmascara a alma escrava do cidadão moderno.


Daqui, o niilismo atual que tudo nivela, equaliza e normaliza. Mais do que a ambição de combater a injustiça, existe horror a tudo que é apercebido como diferente e superior.


Neste sentido, por detrás dos slogans idealistas, jaz o desejo subversivo de nivelação. Tal sentimento é um instrumento das forças subversivas, cujos seus reais representantes atiçam para fins muito bem definidos e só visíveis ao observador mais atento.


Portanto, se a luta se estabelece apenas no domínio dos ‘atores’, nunca haverá uma recuperação dos ideais perdidos; é o próprio espírito da época que deve ser combatido e contido, mas apenas por valores espirituais de orientação oposta.


Parece que o problema é que as atuais instituições da sociedade ocidental e os seus líderes foram assaltados pelos negros espíritos subversivos.


Até há poucos séculos, a subversão ativa era avançada por poucos agentes; hoje, ela já é avançada pelo cidadão médio.


As verdadeiras forças subversivas são protegidas sempre que algum grupo ou organização são apontados como culpados pelos males do mundo.


Maior truque que o diabo pregou – mudarás o mundo através da conversão em massa aos teus ideais.


Maior truque que o diabo pregou – as tuas opiniões contam, garante que todos as escutam.


Maior truque que o diabo pregou – a missa missão na Terra é a de convencer os outros das minhas opiniões; seguramente tal beneficiará o cosmos.


Maior truque que o diabo pregou – Se eu passar a vida a ler livros e a memorizar passagens e factos, tal garantir-me-á um lugar no Céu.


Maior truque que o diabo pregou – apontar o dedo a todo o mal do mundo e criticar os que o promovem, tal contribuirá para o meu lugar no Além-Vida.


Maior truque que o diabo pregou – demonstrar aos outros as minhas boas qualidades e a pureza dos meus ideais por certo garantirá o meu acesso à vida eterna.


Maior truque que o diabo pregou – as minhas opiniões são realmente importantes; se apenas toda a humanidade se curvasse a elas.


Maior truque que o diabo pregou – mostrar o caminho aos outros certamente me beneficiará, mesmo que não o siga por agora.


Maior truque que o diabo pregou – tenho a certeza que estou perto da iluminação; se apenas conseguir ler mais 100 livros sobre tradicionalismo e religião.

Friday, December 29, 2017

O Reacionário Autêntico




Deixamos aos nossos leitores a tradução de um dos mais brilhantes textos sobre o espírito reacionário e a sua intemporalidade, intitulado 'O Reacionário Autêntico', da autoria de Nicolás Gómez Dávila.

Este autor colombiano do século XX de obra extensa, cujo legado intelectual, sobretudo na forma aforística, ainda era desconhecido do grande público há poucas décadas. Contámos com esta tradução começar a preencher a lacuna da falta divulgação da sua obra junto do público português.


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A existência do reacionário autêntico tende a escandalizar o progressista. A sua presença incomoda-o vagamente. Ante a atitude reacionária, o progressista sente um pequeno desprezo, acompanhado de surpresa e inquietação.

Para apaziguar as suas dúvidas, o progressista costuma interpretar essa atitude intempestiva e chocante como um disfarce de interesses ou como um sintoma de estupidez; mas sozinhos, o jornalista, o político e o tolo não se surpreendem, secretamente, com a tenacidade com que as inteligências superiores do Ocidente, desde há cento e cinquenta anos, acumulam objeções contra o mundo moderno. Um desdém complacente não parece, com efeito, a resposta adequada a uma atitude em que um Goethe pode irmanar-se com um Dostoiévski.

Mas se todas as teses do reacionário surpreendem o progressista, a mera postura reacionária desconcerta-o. Que o reacionário proteste contra a sociedade progressista, que a julgue e que a condene, mas que se resigne, sem embargo, ao seu atual monopólio da história, parece-lhe uma posição extravagante.

O progressista radical, por um lado, não compreende como o reacionário condena um facto que admite, e o progressista liberal, por outro lado, não entende como ele admite um facto que condena.

O primeiro exige-lhe que renuncie a condenar se reconhece que o facto é necessário, e o segundo que não se limite a abster-se se confessa que o facto é reprovável. Aquele condena-o a render-se, este a atuar. Ambos censuram sua lealdade passiva face à derrota.

O progressista radical e o progressista liberal, com efeito, repreendem o reacionário de forma diferente, porque um sustenta que a necessidade é razão, enquanto o outro afirma que a razão é liberdade. Uma distinta visão da história condiciona as suas críticas.

Para o progressista radical, necessidade e razão são sinônimos: a razão é a substância da necessidade, e a necessidade o processo em que a razão se realiza. Ambas são uma só corrente de existências.

A história do progressista radical não é a soma do meramente acontecido, senão uma epifania da razão. Ainda que ensine que o conflito é o mecanismo vetor da história, toda a superação resulta de um ato necessário, e a série descontínua dos atos é o caminho que traçam, ao avançar sobre a carne vencida, os passos da razão indeclinável.

O progressista radical apenas adere à ideia que a história cauciona, porque a o perfil da necessidade revela os rasgos do motivo nascente. Do curso próprio da história emerge a norma ideal que o nimba.

Convencido da racionalidade da história, o progressista radical atribui-se o dever de colaborar com o seu êxito. A raiz da obrigação ética jaz, para ele, na nossa possibilidade de impulsionar a história para os seus próprios fins. O progressista radical inclina-se sobre o facto iminente para favorecer o seu advento, porque ao atuar no sentido da história a razão individual coincide com a razão do mundo.
                                                       
Para o progressista radical, então, condenar a história não é tão só uma empresa vã, mas também uma empresa estulta. Empresa vã porque a história é necessidade; empresa estulta porque a história é razão.

O progressista liberal, por outro lado, instala-se numa contingência pura. A liberdade, para ele, é substância da razão, e a história é o processo em que o homem realiza a sua liberdade.

A história para o progressista liberal não é um processo necessário, mas a ascensão da liberdade humana até à plena posse de si mesma. O homem forja a sua história imputando à natureza as falhas do seu livre-arbítrio.

Se o ódio e a ganância arrastam o homem por entre labirintos sangrentos, a luta realiza-se entre liberdades pervertidas e liberdades retas. A necessidade é, meramente, o peso opaco de nossa própria inércia e o progressista liberal acredita que a boa vontade pode resgatar o homem, em qualquer instante, das servidões que o oprimem.

O progressista liberal exige que a história se comporte de acordo com o que a sua razão postula, posto que a liberdade cria-a; e como a sua liberdade também engendra as causas que ele defende, nenhum facto pode prevalecer sobre o direito que a liberdade estabelece.

O ato revolucionário condensa o obrigação ética do progressista liberal, porque quebrar o que a estorva é o ato essencial da liberdade que se realiza. A história é uma matéria inerte que lavra uma vontade soberana.

Para o progressista liberal, então, resignar-se à história é uma atitude imoral e estulta. É estulta porque a história é liberdade; imoral porque a liberdade é a nossa essência.

O reacionário, no entanto, é o estulto que assume a vaidade de condenar a história, e a imoralidade de resignar-se a ela.

Progressismo radical e progressismo liberal elaboram visões parciais. A história não é necessidade, nem liberdade, mas a sua integração flexível.

A história, com efeito, não é um monstro divino. A poeira humana não parece levantar-se sob o sopro de uma besta sagrada; os tempos não parecem ordenar-se como estádios na embriogénese de um animal metafísico; os feitos não se sobrepõem uns com os outros como escamas de um peixe celestial.

Mas se a história não é um sistema abstrato que germina sob leis implacáveis, tão pouco é o alimento dócil da loucura humana. O vontade caprichosa e gratuita do homem não é o seu reitor supremo. Os factos não se moldam, como uma pasta viscosa e plástica, entre dedos ansiosos.

Com efeito, a história não resulta de uma necessidade impessoal, nem do capricho humano, mas de uma dialética da vontade onde o livre-arbítrio se desenrola em consequências necessárias.

A história não se desenvolve como um processo dialético único e autónomo, que prolonga em dialética vital a dialética da natureza inanimada, mas num pluralismo dos processos dialéticos, numerosos como os atos livres e vinculados à diversidade dos seus terrenos carnais.

Se a liberdade é o ato criador de história, se cada ato livre engendra um história nova, o ato criador livre é projetado sobre o mundo num processo irrevogável. A liberdade segrega a história como uma aranha metafísica a geometria da sua teia.

A liberdade, de facto, aliena-se no mesmo gesto em que se assume, porque o ato livre possui uma estrutura coerente, uma organização interna, uma proliferação normal de sequelas. O ato desenrola-se, dilata-se, expande-se em consequências necessárias, de forma concorde ao seu caráter íntimo e à sua natureza inteligível. Cada ato submete uma parte do mundo a uma configuração específica.

A história, portanto, é um vínculo de liberdades endurecidas em processos dialéticos. Quanto mais profundo for o estrato donde brota o ato livre, mais variadas são as áreas de atividade que o processo determina, e maior a sua duração. O ato superficial e periférico esgota-se em episódios biográficos, enquanto o ato central e profundo pode criar uma época para uma sociedade inteira.

A história articula-se, assim, em momentos e em épocas: em atos livres e em processos dialéticos. Os instantes são a sua alma fugidia, as épocas o seu corpo tangível. As épocas estendem-se como trechos entre dois instantes: o seu momento germinal e o momento do encerramento do ato incoativo de um nova vida. Sobre dobradiças de liberdade movem-se portas de bronze.

As épocas não têm uma duração irrevogável: o encontro com processos emergentes de maior profundidade pode interrompê-las, a inércia da vontade pode prolongá-las. A conversão é possível, a passividade familiar. A história é uma necessidade que a liberdade engendra e a casualidade destrói.

As épocas coletivas são resultado de uma comunhão ativa numa decisão idêntica, ou de contaminação passiva das vontades inertes; mas enquanto dura o processo dialético em que as liberdades se verteram, a liberdade do inconformado retorce-se numa rebeldia ineficaz. A liberdade social não é opção permanente, senão brandura repentina na conjuntura das coisas.

O exercício da liberdade supõe uma inteligência sensível à história, porque ante a liberdade alienada de uma sociedade inteira o homem só pode perseguir o ruído da necessidade que se quebra. Todo o propósito se frustra se não se insere nos entalhes cardiais de uma vida.

Face à história, apenas surge a obrigação ética de agir quando a consciência aprova o propósito que momentaneamente impera ou quando as circunstâncias culminam numa conjuntura propícia à nossa liberdade.

O homem que o destino coloca numa época sem fim previsível, e cujo caráter fere os mais fundos nervos do seu ser, não pode sacrificar, atropeladamente, a sua repugnância ao seu espírito, nem a sua inteligência à sua vaidade. O gesto espetacular e vazio merece o aplauso público e o desdém daqueles aos quais a meditação reclama. Nos lugares sombrios da história, o homem deve resignar-se a olhar com paciência as soberbas humanas.

O homem pode, assim, condenar a necessidade sem se contradizer, ainda que não possa agir senão quando a necessidade colapsa.

Se o reacionário admite a esterilidade atual dos seus princípios e da inutilidade das suas censuras, não é porque lhe baste o espetáculo das confusões humanas. O reacionário não se abstém de atuar porque o risco o assuste, mas porque ele estima que atualmente as forças sociais lançam-se furiosas para a meta que desdenha. Dentro do processo atual, as forças sociais cavaram o seu leito na rocha, e nada mudará o seu curso enquanto não desemboquem no raso de uma planície incerta. A gesticulação dos náufragos só faz fluir os seus corpos paralelamente a uma margem distinta.

Mas se o reacionário é impotente no nosso tempo, a sua condição obriga-o a testemunhar a sua náusea. Liberdade, para o reacionário, significa submissão a um mandato.

Na verdade, mesmo quando não seja nem necessidade, nem capricho, a história, para o reacionário, não é, no entanto, dialética da vontade imanente, mas a aventura temporal entre o homem e o que o transcende. As suas obras são traços; sobre a areia revolta, o corpo do homem e o corpo do anjo. A história do reacionário é uma tira, rasgada pela liberdade do homem, que oscila ao sopro do destino.

O reacionário não pode ficar em silêncio, porque a sua liberdade não é meramente o asilo onde o homem escapa do tráfego que o atormenta, e onde se refugia para se assumir a si mesmo. No ato livre, o reacionário não toma, somente, posse da sua essência.

A liberdade não é uma possibilidade abstrata de escolher entre bens conhecidos, mas a concreta condição dentro da qual nos é outorgada a possessão da sua essência.

A liberdade não é uma possibilidade abstrata de escolher entre bens conhecidos, mas a condição concreta dentro da qual nos é outorgada a posse de novos bens. A liberdade não é uma instância que decide pleitos entre instintos, mas a montanha da qual o homem contempla a ascensão de novas estrelas, entre o pó luminoso do céu estrelado.

A liberdade coloca o homem entre proibições que não são físicas e imperativos que não são vitais. O momento livre dissipa a vã claridade do dia, para que se erga, no horizonte da alma, o universo imóvel que desliza as suas luzes transientes sobre o tremor da nossa carne.

Se o progressista inclina-se em direção ao futuro, e o conservador em direção ao passado, o reacionário não mede os seus desejos com a história de ontem ou com a história de amanhã. O reacionário não aclama o que o próximo amanhecer há de trazer, nem se apega às últimas sombras da noite. A sua habitação ergue-se nesse espaço luminoso onde as essências interpelaram-no com as suas presenças imortais.

O reacionário escapa à servidão da história, porque persegue na selva humana a pegada dos passos divinos. Os homens e os factos são, para o reacionário, a carne servil e mortal que alimentam sopros tramontanos.

Ser reacionário é defender causas que não se movem sobre o tabuleiro da história, causas que não importa perder.

Ser reacionário é saber que só descobrimos o que pensamos inventar; é admitir que nossa imaginação não cria, mas que desnuda os corpos suaves.

Ser reacionário não é abraçar determinadas causas nem advogar determinados fins, mas submeter a nossa vontade à necessidade que não constringe, fazer render a nossa liberdade à exigência que não compele; é encontrar as evidências que nos guiam adormecidas até a borda de lagoas milenárias.

O reacionário não é o sonhador nostálgico de passados ​​abolidos, mas o caçador de sombras sagradas nas colinas eternas.

Monday, December 18, 2017

Folhas Soltas (2)


    

    A pintura hiper-realista é um sintoma extraordinário da animalização do homem e dos seus horizontes.


    A obsessão moderna com a matéria não conhece limites. Arte degradada ao nível da cópia do físico. 


    No limite, um macaco adestrado para tal, conseguiria produzir obras de arte modernas. 


    Arte superior liberta-nos do animal em nós, não o aprofunda


    Quando o moderno se refere ao humano, eles querem dizer animal. 


  Do humano eles encontram-se absolutamente afastados, já que humano é o que existe de divino no Homem.


   Um capítulo nunca a aparecer nos futuros livros de história: ‘A importância das contas reacionárias nas redes sociais para o desmantelamento da modernidade’.


  Três populares profissões modernas que confirmam a iminente ascensão do Anti-Cristo: cozinheiros celebridades, políticos profissionais, programadores de videojogos.


   Uma prova insofismável da latente falsidade da nossa vida pública é o aparecimento da indústria do marketing.


   Todos os sistemas políticos modernos, no seu íntimo, não contém quaisquer noções de Deus, Bem, Virtude ou Justiça. De facto, são meras vias de conduta para outro tipo de influências…


    Prova da incrível decadência das civilizações: nos tempos antigos os respetivos líderes possuíam poderes sobre os Deuses; hoje em dia, apenas têm poder sobre a multidão.


   Se o político moderno jura não ter como objetivo tornar-se rico, porque então se veste como um poderoso capitão de indústria?


   A vida pública sob alçada democrática é governada pela projeção e pela irreprimível inveja. Nela, homem satisfeito com a sua situação é considerado um pateta.


   Em democracia, mais do que perseguir verdade e justiça, o que importa é aparentar persegui-las.


   Só o homem massa toma a liberdade de pensamento e de ação por verdadeira liberdade. 


   O antigo sabia que a verdadeira liberdade só estava ao alcance de poucos eleitos, não sendo esta mais do que liberdade de si próprio.


  Daí ser tao estranho ao moderno compreender todas as regras, imposições e costumes que à maioria cabia cumprir antigamente.


  Vendo nelas somente opressão, o moderno desconhece que eram aceites de bom-grado já que sem elas estariam irremediavelmente perdidos.


  Mais, viam numa classe superior de homens, que reinava, esse exemplo superior. Ao participarem da hierarquia, era-lhes facultado participar nessa ordem superior.


  Hoje, o homem massa, tendo-se libertado das velhas "correntes", cortou todas as possibilidades de participação nessa ordem. Não a tem e nem a vê.


   Quanto muito, resta-lhe a fé.


  Que triste momento para a humanidade quando a fé se tornou o único meio de contacto com o divino. Necessário, sem dúvida! Mas não menos triste...


  O homem atual atua cada vez mais por processos de ação passiva. Os seus modos de estar resumem-se a único estado: o hipnótico.


  Uma cultura de sexo fácil e de gratificação hedonística é totalmente ignorante do êxtase supremo – divino, mesmo – da antiga união sexual onde a mulher se entregava totalmente ao homem, que a podia possuir na sua plenitude.


    No final do dia todos vivemos vicariamente: o homem, através do empresário; a mulher, através da atriz; a criança, através da estrela de desporto. Graças a Deus pelo fim das tenebrosas práticas de idolatração de ídolos! 

  
   Na modernidade, é quase impossível ao homem controlar os seus sentidos e emoções. O permanente atiçamento destas é condição sine qua non para a sua existência.


   Na modernidade, em todos os setores da vida, para atingires o sucesso necessitas manter um séquito, que irás alimentar e proteger. Por Deus, a Máfia não inventou o seu sistema do nada!


   A constante inquietação e necessidade de ação contínua são sintomas do profundo desespero em que o homem moderno opera.


   O mais iludido de todos é o auto-intitulado homem ‘culto’, que acredita que as suas convicções lhe pertencem. 


  O melhor barómetro para aferir do avanço civilizacional é observar a dignidade das pessoas que governam: se houver dúvidas, compare-se a grandiosidade de um antigo Faraó com os servos de hoje que vestem gravata.


   Hoje em dia, as pessoas que nos governam não mais são que plebeus psicóticos altamente ambiciosos.


  Reparo em muitos tradicionalistas que juram estar a combater as estruturas modernistas de poder nas redes sociais ao juntar seguidores e a angariar dinheiro.


  Constato que a esmagadora maioria dos seres libertos de hoje possuem as ideologias, as atitudes e as crenças que são promovidas nos mass media. Deve ser coincidência…


   Haverá algum governo democrático que não seja uma organização proto-mafiosa? Espero exemplos que contrariem esta asserção.


    Não faz diferença séria que a exploração económica de massas seja encabeçada pelo Estado ou por um conjunto de empresários.


    O moderno capitalista é um produto da teoria marxista: ele defende a sua utilidade ao reclamar que, ele também, produz valor.


   Em democracia todas as pessoas são escravos: do dinheiro, do trabalho, da posição, dos desejos, da ambição. 


   A diferença essencial entre democracia e uma verdadeira aristocracia é a ausência na primeira de homens verdadeiramente livres.


   Nestes tempos em que toda a gente necessita de ter emprego e depende do dinheiro, como confiar nos verdadeiros motivos íntimos de qualquer conhecido?


     Em democracia todos os aspetos da vida, incluindo a caridade, politizam-se.


   Cuidado com a turba, qualquer turba, mas especialmente a turba democrática: o seu fanatismo é inigualável nos anais da história.


    Em democracia, a longo prazo, as medidas mais populistas e decadentes acabam por ser implementadas. 


   Tentar mudar o sistema pelo voto, é uma armadilha; os reais criadores da democracia conhecem a natureza humana muito melhor do que se lhes dá crédito.


   Quem defende o estabelecimento de uma sociedade humana com os mesmos direitos inalienáveis para todo a gente é um tolo, no melhor dos casos; um subversivo, no pior.


   O mesmo vai para os que defendem uma comunidade baseada na raça, no capital, nos ideais sociais ou em qualquer outro mito moderno.


   Como se torna a cada dia mais claro, todo o propósito da existência dos EUA é a preparação do futuro Reino de Israel.


  O ataque velado ao estado iraniano vai saindo das sombras. Israel, EUA e Arabia Saudita são instrumentos das forças que querem eliminar qualquer nação independente d face da Terra.


   Relativamente ao debate sobre o porte de armas, os conservadores americanos amiúde esquecem que os direitos divinos de propriedade apenas só podem ser exercidos por homens livres, não por homens libertos.


   Prover direitos de uso de armas às masses apenas faz sentido em pensadores democráticos e proletários, não para o verdadeiro Conservador.


   Conservador americano, já agora, é um oximoro.

Wakinyan-Tanka - O Simbolismo da Águia Entre os Peles Vermelhas

Com a devida vénia, deixamos traduzido o ensaio de António Medrano, originalmente publicado na já defunta publicação tradicionalista ...