Friday, September 29, 2017

Tradução: Heliocentrismo versus Geocentrismo



Abaixo, deixamos um pequeno excerto do livro "Alquimia", de Titus Burckhardt, onde o autor se debruça sobre as interpretações tradicionais da cosmovisão geocêntrica e heliocêntrica.

Ao contrário das falsidades espalhadas pelas frentes de subversão universal, o mundo antigo e, nomeadamente, o medieval conheceram tanto a concepção geocêntrica como a heliocêntrica, se bem que, como explica o autor, o âmbito deste conhecimento- diremos melhor, entendimento - não se limitava à rudeza da mera observação dos dados materiais, mas desenrolava-se num plano subtil e espiritual e, portanto, nunca contraditório. 

O que era  ambicionado era um conhecimento unitário do cosmos, faculdade ao alcance do  ser humano que, participante tanto do mundo material e espiritual,  fazia parte daquele, em ato ou em potência.

A arrogância da moderna teoria heliocêntrica em decretar o Cosmos como mera matéria inteligível apenas por mediação dos órgão sensoriais, negando a dimensão metafísica do mesmo, é um dos marcos mais horríficos da história da humanidade, cujas tenebrosas ramificações se ampliam dia a dia; ademais, como nota o autor, sob a guisa da razão, que o cientismo proclamou como o único método válido do conhecimento, o homem foi desde então conduzido ao niilismo desesperado por não ser mais do que mero átomo acidental e perdido num universo que é dito ser infinito - tal no fundo mostra que o cientismo moderno, por detrás dos pretensos métodos ditos científicos e imparciais, esconde um muito concreto plano diabólico, cujo objetivo é a inversão de todos os valores espirituais.

Este concepção de viragem na história da humanidade é uma das mais fulcrais para perceber o atual abismo em que ela vegeta e cuja negação completa, do ponto de vista metafísico, é fator essencial para qualquer restauração que se queira Tradicional.

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O esquema do Universo com o Sol ao centro, em torno do qual giram todos os astros móveis, Terra incluída, não é uma descoberta renascentista. Com efeito, Copérnico mais não fez que voltar a uma ideia já antes exposta na Antiguidade, ideia que as suas observações permitiram consolidar. Visto enquanto símbolo, o esquema heliocêntrico do Universo é o complemento indispensável do sistema geocêntrico. Isto porque a origem divina do Universo – ou do Espírito através do qual Deus criou o mundo – tanto pode conceber-se como o espaço infinito que tudo envolve e no qual tudo se contém, quanto como o centro irradiante de toda as manifestações. Precisamente por a origem divina se achar para além de toda a diferenciação, existe um complemento de sinal inverso relativamente a cada uma das suas analogias. Contudo, o esquema heliocêntrico foi usado pelo pensamento racionalista enquanto prova de que o antigo sistema geocêntrico, com todo o peso da sua significação espiritual, não passava de um erro grosseiro. Ora, tal facto dá origem a um autêntico paradoxo, pois uma ideologia que pretende transformar a razão na unidade de toda a realidade acaba por traçar um esquema astronómico do mundo em que o homem surge cada vez mais como um simples grão de poeira entre muitos outros grãos de poeira, como um simples acidente de um qualquer processo cósmico. Em contrapartida, o conceito medieval, que não se baseava na razão humana, antes assentava na revelação e na inspiração, vinha a situar os homens no próprio centro do universo. Apesar disso, contudo, esta aparente contradição é facilmente explicável: com efeito, acontece que a tese racionalista esquece por completo que tudo quanto possa afirmar sobre o Universo continua a ser fruto do conhecimento humano, além de que o homem, precisamente por poder contemplar a sua existência material a partir de um ponto de observação mais elevado, quase como se não achasse preso a esta Terra, acaba por se manifestar como o próprio centro discernidor do mundo. Ora, precisamente por o homem ser o depositário do espírito e poder, por isso mesmo, discernir fundamentalmente tudo quanto existe, a ideologia fiel à tradição situa-o no centro do mundo visível, tal como este se lhe torna patente, apreendido que é pelas perceções sensoriais imediatas. Nesta mesma óptica, ou seja, na de uma cosmologia fiel à tradição, o esquema heliocêntrico do universo, no qual o homem se distancia do Sol, apenas pode ter um significado esotérico, aquele que Dante apresenta na sua descrição “teocêntrica” do mundo dos anjos. Com efeito, encarado a partir de Deus, o homem não se situa no centro, antes na orla exterior da própria existência.

Se é certo que o esquema heliocêntrico do Universo se revela correto do pondo de vista físico-matemático, isso só sucede porque este encerra em si algo de “extra-humano”, pois, ao cingir-se exclusivamente ao campo material e quantitativo, distancia-se assim do homem considerado enquanto entidade composta de espírito, alma e corpo, atitude em função da qual acaba por se erigir como contraponto à visão em que o homem surge sub especie aeternitatis.

Na verdade, nenhum esquema do universo pode ser absolutamente correto, uma vez que a realidade em que a observação se vem a centrar é relativa, dependente e infinitamente múltipla.

A crença no esquema heliocêntrico do Universo, a par da sua aceitação incondicional, veio a criar um grande vazio espiritual, pois, vendo-se despojado da sua dignidade cósmica, vendo-se degradado ao nível de um insignificante grão de poeira perdido em meio à infinidade de grãos de poeira que giram à volta do Sol, o homem foi incapaz de forjar uma visão passível de libertar o seu espírito. O pensamento cristão, baseado no princípio de que Deus se fez homem, não estava preparado para tal: assim, ao ver o homem transformado numa mera insignificância vogando no espaço e, ao mesmo tempo, considerá-lo como o centro discernidor e simbólico do Universo, sem cair por isso nem no desespero, nem na vaidade, é algo que excede as faculdades espirituais da grande maioria.

Com a incorporação do Sol numa multitude de milhares de milhões de outros sóis, porventura igualmente rodeados por planetas e situados a milhares ou a milhões de anos-luz, todos os esquemas do Universo de despedaçaram de pronto, isso no sentido mais literal da expressão. Com efeito, deixara de ser possível imaginar qual a disposição do mundo, de modo que o homem perdeu a sensação de ser parte integrante de um todo logicamente ordenado. Nos países do Ocidente, pelo menos, foi este o efeito que, de um modo geral, o moderno conceito astronómico do mundo acabou realmente por causar. Quanto ao pensamento budista, que sempre considerou o mundo como terreno movediço, talvez possa responder de outro modo a esta mesma apreciação científica.

Se o conhecimento científico andasse a par de uma interpretação espiritual das aparências, talvez fosse então possível ver, na progressiva dissolução de todos os sistemas antes considerados indiscutíveis, a prova de que toda e qualquer visão do mundo mais não é do que uma alegoria e que toda a alegoria é relativa. Sem dúvida que o Sol, para este mundo que apreendemos na base da simples visão, constitui a essência da luz e a representação natural da origem divina pois é ele que ilumina todas as coisas e é em torno de si que tudo gira. Mas, ao mesmo tempo, acontece que não passa de um astro, pelo que, enquanto tal, não é único, mas sim apenas um entre muitos outros da mesma espécie.

Não é este o momento para demonstrar de que modo é que cada novo esquema acaba por ser promovido não tanto pela observação científica quanto pela óbvia unilateralidade do esquema anterior. E isto pode igualmente aplicar-se ao mais recente conceito do espaço. Assim, enquanto a Cosmologia medieval concebia a totalidade do espaço como uma imensa esfera rodeada espiritualmente pelo céu exterior, a filosofia racionalista, por seu lado, afirmava que o espaço era infinito. Contudo, dado que, muito embora seja sem dúvida imenso se considerado enquanto extensão relativa, a verdade é que não pode ser infinito em sentido absoluto, acontece que um novo passo da Ciência acaba por nos levar ao conceito já quase inimaginável de um espaço que se retorce e revolve sobre si mesmo.

A absoluta homogeneidade do espaço e do tempo é rebatida pelas Matemáticas modernas, tendo vindo a ser substituída por uma relação permanente entre espaço e tempo. Contudo, se o espaço é aquilo que envolve tudo quanto se apreende simultaneamente, sendo o tempo aquilo que a sucessão das perceções vem a representar, daí resulta que as estrelas fixas já não estão “distantes” de nós muitíssimos anos-luz, antes se encontram mesmo ali, no ponto preciso em que o espaço, dada a simultaneidade de que comunga, tem o seu limite. Com semelhante paradoxo, apenas pretendemos fazer notar que, em última análise, todo o esquema científico do Universo acaba inevitavelmente por se contradizer a si mesmo, ao passo que o significado espiritual que, de uma forma ou de outra, se vem a manifestar nas coisas visíveis, revelando-se de modo tanto mais convincente quanto mais próximo estiver das origens e quanto mais o esquema do Universo se achar à medida do homem, jamais conhece variação alguma. Porém, note-se que, ao falar de significado, não estamos a referir a nada de ideológico. Muito simplesmente, utilizamos a expressão “significado” por pura necessidade, buscando assim designar, à semelhança dos escritos fiéis à tradição, o conteúdo imutável das coisas, conteúdo que só por meio do espírito é possível apreciar.


Com as observações precedentes sobre o esquema astronómico do Universo, talvez tenhamos conseguido fazer notar que existem duas formas diametralmente opostas entre si de contemplar o mundo ou a natureza no sentido mais amplo do termo. Assim, enquanto uma delas, impelida pela curiosidade científica, se afadiga em estudar a inesgotável multiplicidade dos fenómenos e, à medida que se vai acumulando experiências, tende a tornar-se heterogénea e, finalmente, a decompor-se, a outra orienta-se no sentido do centro espiritual, centro esse que é ao mesmo tempo centro do homem e centro das coisas, e isto porque assenta no caráter simbólico das aparências a fim de intuir e contemplar as realidades imutáveis que o espírito contém em si. Esta última visão tende a simplificar, não aquilo que apreende em termos de um escalonamento múltiplo e progressivo, antes aquilo que vem a reter de essencial. Com efeito, a visão mais completa que o homem pode alcançar é sempre necessariamente simples, isto no sentido de que a sua riqueza interior não permite signos distintivos. 

Sunday, September 3, 2017

Génese e Fisionomia do Mundo Moderno

Informo os meus caros leitores que ontem iniciei o upload no youtube do áudio da segunda parte da obra 'Revolta Contra o Mundo Moderno', intitulada ''Génese e Fisionomia do Mundo Moderno'.

Nesta segunda e última secção, Evola, partindo dos estados humanos originários, descreve-nos as principais civilizações humanas, desde as mais antigas e míticas até ao tipo de sociedade atual, dita 'moderna', que mais não é que a contrafação da civilização digna de esse nome. 

Pelo caminho, são detalhados os diferentes processos degenerativos - hoje ditos 'evolutivos' - que permitiram a queda de um estado de originária perfeição e comunhão com o Uno a um situação atual em que, podemos sem dúvida afirmar, o homem se encontra mais distante que nunca do Divino, nas fases finais daquela que será o último período deste ciclo cósmico, o Kali Yuga, a Idade do Ferro ou a Idade do Lobo, para emprestar expressões de diversas civilizações.

Para já, encontrarão, além  da curta introdução a este segunda parte, os três primeiros capítulos da mesma, intitulados, respetivamente: 'A Doutrina das Quatro Idades', 'A Idade do Ouro' e 'O Pólo e o Local Hiperbóreo'.




Saturday, September 2, 2017

Prefácio aos 'Protocolos dos Sábios do Sião'

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Traduzimos em baixo do inglês o prefácio escrito por Julius Evola à segunda edição, de 1937, da tradução para italiano dos Protocolos dos Sábios do Sião, publicados por Giovanni Preziosi.

Os Protocolos, tendo sido publicados pela primeira vez em 1903, têm sido alvos constantes de polémicas e horror, tanto por parte de partidários como dos seus detratores, estando no topo dos livros malditos do século XX, e cuja menção proscreve quem o faz a severas censuras, incluindo judiciais.

Menosprezado pela 'inteligência bem pensante' como uma mera falsificação, um libelo antissemítico que não merece o papel onde foi impresso e que é responsável pela contínua perseguição ao povo judaico, culminando no chamado holocausto da segunda guerra mundial; considerado por outros como a prova de que a história moderna é guiada por um conjunto de pessoas eleitas, os judeus neste caso, que manipulam os acontecimentos por detrás dos holofotes públicos e que guiam a humanidade a seu belo prazer - estas são as duas posições que geralmente são tomadas em relação a este documento, que ainda hoje no século XXI continua a exercer um fascínio inegável, tanto em detratores como em apologistas.

E não é curioso que, passado mais um século da sua publicação e da sua contínua condenação universal como uma mera teoria da conspiração, existam ainda hoje grandes setores da humanidade, que mesmo não conhecendo ou só tendo ouvido falar superficialmente dos Protocolos, continuam a acreditar nas mais variadas teorias da conspiração sobre acontecimentos que marcaram a recente história humana (JFK, ida do homem à lua, 11 de Setembro, etc.)? O que há por detrás desse pressentimento de que a história da humanidade não é um fruto do acaso, de que existem forças mais ou menos materiais ou pessoais, que nos guiam e que controlam o que acontece? Porquê os judeus figurarem em destaque na maior parte delas?

 Aqui, Evola, evitando os dois campos extremos, reconhece por um lado o fato inegável que muitas das ações previstas nos Protocolos se terem realizado literalmente passado poucas décadas; por outro, não embarca na fácil posição antissemita que vê o judeu por detrás de todas os acontecimentos, a maquinar em concílio a destruição da humanidade.

Num tema tão denso e profundo, Evola enfatiza que os métodos historicistas e positivistas são de pouca valia para a compreensão deste documento, no sentido de conseguir uma 'prova' que cabalmente prove uma conspiração. Chama também a atenção para o facto de o ser judaico, por milénios já assimilado a forças cósmicas destrutivas, ser um instrumento de um conjunto de poderes espirituais subversivos, que consciente ou inconscientemente os servem. Quem nos garante que o próprio judeu não seja descartado por elas, quando a sua função tiver sido finalizada?

Que todos aqueles que têm a intuição que a chamada 'história' tem um sentido e que não existem 'acasos' no mundo terreno que não estejam ligados a forças espirituais, este texto ajudará a dar um contexto mais específico a acontecimentos da história recente e a inseri-los na linha descendente que a humanidade tem seguido e que se mantém nos dias de hoje, com cada vez menos possibilidades de inversão. Quanto aos novatos, que nunca tomaram contato com este texto ou com interpretações alternativas à chamada 'história oficial', esperemos que funcione para acicatar o tal 'pressentimento' de que os nosso modos de pensar e atuar talvez não sejsa assim tão livres e que em vez de sujeitos, podemos não passar de meros objetos da história.

Para tal, recomendamos a leitura dos Protocolos, numa qualquer das versões que existem e que são facilmente descarregáveis na internet.

Antes do prefácio, deixamos também a introdução que precede o mesmo na edição em inglês, para fornecer mais contexto ao leitor.

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Os ‘Protocolos dos Sábios do Sião’ alegam ser o relato detalhado de vinte e quatro encontros Judeo-Mações, durante os quais um ‘Sábio do Sião’, o líder de uma organização política judaica internacional, guiada por um ódio insaciável e inextinguível pela Cristandade, se dirige aos líderes da comunidade judaica para apresentar um plano maquiavélico de conquista mundial. As primeiras nove ‘conferências’ consistem numa análise dos meios usados para levar a cabo o plano, que consiste na destruição dos estados-nações monárquicos e outros através de guerras, revoluções e ideologias desintegrativas como o liberalismo, socialismo, comunismo, anarquismo e democratismo – todas as quais os judeus, que consideram a política como uma arte subtil e sublime, detestam. As últimas quinze ‘conferências’ descrevem o superestado que será criado sobre as ruínas da ordem tradicional.

Originalmente escritos em francês, num ‘francês pobre’, os ‘Protocolos dos Sábios do Sião’ foram primeiro publicados em 1903 sob o título ‘Programa Judeu para Conquista Mundial’, no jornal de São Petersburgo Znamjo, que era editado por um homem tido por antissemita. Em 1905, o místico russo Alexandrovitch Nilus publicou uma versão alargada do documento e é esta versão que se tornou a ‘clássica’. A sua fama começou depois da revolução bolchevique, mas não em círculos bolcheviques: todas as cópias que se sabiam existir na Rússia foram destruídas durante o regime de Kerensky, e, durante os seus sucessores, a posse de uma cópia dentro do território soviético era um crime suficiente para assegurar que o seu dono seria abatido a tiro no local. De 1918 a 1920, muitas edições novas circulavam entre os exércitos brancos que combatiam o poder do regime comunista na Rússia. Elas espalharam-se via emigração russa e foram traduzidos para outras línguas europeias. Em 1920, os ‘Protocolos’ foram publicados em francês, em Paris, em húngaro em Viena, e em inglês, em Boston e Londres: em Maio de 1920, num artigo intitulado ‘O Perigo Judeu. Um panfleto perturbador: uma chamada para investigação’, o London Times assegurou a sua autenticidade, apesar de tal já ter sido questionado por fontes variadas, como este influente jornal reconheceu poucos meses mais tarde. A tradução italiana foi traduzida e publicada no ano seguinte por Giovanni Preziosi.

Foi republicado por Preziosi 17 anos mais tarde, em 1938, com o prefácio de Julius Evola, que tinha escrito artigos sobre o problema judaico para o jornal de Presiozi Vita Italiana durante vários anos por esta altura. Entre estes artigos, havia uma descrição dos procedimentos instituídos em 1933 em Berna pelas organizações da comunidade judaica locais, contra um homem que tinha posto a circular cópias da edição alemã dos ‘Protocolos dos Sábios do Sião’ durante um encontro da Frente Nacional Suiça (“Il processo di Berna e l'autenticità dei "Protocoli", Outubro, 1937). Neste artigo Julius Evola também examinou a questão da autenticidade deste documento; no artigo “La Volontà di potenza ebraica e l'autenticità dei "Protocolli" (Dezembro de 1937), ele mostrou que “o espírito da mais ortodoxa tradição judaica com respeito à vontade de dominação mundial inerente na ideia messiânica israelita” está refletida nos ‘Protocolos’. Na primeira parte do seu prefácio ao ‘I Protocolli dei Savi Anziani di Sion’, ele sumarizou a visão expressa na primeira e desenvolveu as ideias expostas no último; elas são suplementados, na sua segunda parte, por uma análise, tanto do ponto de vista teórico como prático, da influência do espírito judaico nos campos económico e principalmente cultural, que ecoa passagens dos seus ‘Três Aspetos do Problema Judaico’ e do ‘Apresentação do Problema Judaico’, enquanto as partes que tratam das questões sobre a génese destrutiva do Judaísmo, da ‘Lei’ e revolução, do ódio judaico, e das formas modernas de manifestação do Judaísmo, podem ser consideradas como antecipações do nono capítulo do seu livro ‘O mito do sangue’. A questão dos ‘Protocolos’ foi também examinada no ‘Homem entre as Ruínas.’


Prefácio aos “Protocolos dos Sábios do Sião”, por Julius Evola

A importância deste documento, que a Via Italia acabou de reimprimir, não pode ser suficientemente enfatizada. Ele apresenta uma ‘motivação’ espiritual como poucos outros, ele revela horizontes insuspeitos e chama atenção para problemas fundamentais relacionados com ação e conhecimento, os quais não podem ser negligenciados ou adiados, especialmente nestas horas decisivas na história do Ocidente, sob pena prejudicar gravemente a ofensiva daqueles que lutam em nome do espírito, da tradição e da verdadeira civilização.

Dois aspetos, particularmente, exigem atenção nos ‘Protocolos’. O primeiro relaciona-se com a questão judaica diretamente. O segundo tem uma importância mais geral e leva-nos a tratar a questão das verdadeiras forças a atuar na história. Para o leitor entender completamente o que aqui dizemos, pensamentos que é conveniente trazer à liça certas considerações essenciais para uma boa orientação neste assunto.

Para este propósito, é necessário examinar o famoso problema da ‘autenticidade’ do documento, sob a qual certos partidos tentaram tendenciosamente focar toda a atenção do público, só por intermédio da qual tentaram determinar a importância e a validade do texto. Este método é na realidade verdadeiramente infantil1. Obviamente, pode-se simplesmente negar a existência de uma força diretiva secreta por detrás dos eventos históricos. Mas não se pode admitir, mesmo como mera hipótese, que qualquer coisa desse género exista, sem reconhecer que deve-se tornar necessário realizar um tipo de investigação muito diferente do que aquele que é baseado em ‘evidências documentárias’ no senso comum do termo. Aqui, como foi corretamente apontado por Guénon, cabe o ponto fundamental, o qual põe a questão da ‘autenticidade’ em perspetiva: o facto é que nenhuma organização secreta verdadeiramente séria e verdadeira, qualquer que seja a sua natureza, deixa um rasto de ‘documentos’ escritos. Será só por intermédio de um processo indutivo que a importância de textos como os ‘Protocolos’ pode ser determinada. Isto significa que o problema da sua ‘autenticidade’ é secundário ao mais sério e essencial problema da sua ‘veracidade’, como já foi enfatizado por Giovani Preziosi quando os publicou pela primeira vez há dezassete anos atrás. A conclusão séria e positiva de toda a controvérsia que se desenvolveu desde então, mesmo que assumamos os ‘Protocolos’ como não ‘autênticos’ no sentido estrito, é a mesma coisa como se eles os fossem, por duas decisivas e capitais razões:
1)        Porque os factos mostram que eles descrevem verdadeiramente o verdadeiro estado dos acontecimentos;
2)        Porque a sua correspondência com o corpo de ideias do Judaísmo tradicional e moderno é indisputável.

Como o julgamento de Berna provocado pelos ‘Protocolos’ foi expansivamente falado, devemos descrevê-lo aqui, para que o leitor saiba onde se situa e para que não se deixe influenciar pela cobertura tendenciosa do mesmo. O julgamento de Berna foi na verdade apenas uma manobra por parte do Judaísmo tradicional, que pretendia usar o sistema de justiça suíço, ou, para o pôr melhor, a ‘justiça’ marxista suíça, para obter uma espécie de determinação oficial legal da não-autenticidade do documento que tanto transtorna Israel. Que foi realmente apenas uma manobra torna-se claro pela mesma impossibilidade de lá se levantar a questão da autenticidade dos ‘Protocolos’. Basicamente, o tribunal de Berna admitiu a queixa feita por certas comunidades israelitas contra um certo Silvio Schnell, que tinha distribuído algumas cópias da edição alemã dos ‘Protocolos’ num encontro nacionalista, com base no artigo catorze da lei do Cantão de Berna sobre literatura subversiva e imoral. Partindo desta base, de um ponto de vista estritamente legal, o tribunal de Berna não deveria ter tomado qualquer interesse sobre o problema da autenticidade dos ‘Protocolos’, mas deveria simplesmente ter decidido se os ‘Protocolos’, independentemente da sua veracidade ou falsidade, eram ou não repreensíveis de acordo com a lei acima mencionada, eram conducentes a incitar uma parte da população suíça contra a outra. O Judaísmo no entanto distorceu este requerimento ao focar a atenção sobre o problema da autenticidade, em ordem a atingir a conclusão desejada. Neste respeito, aqui está uma declaração significativa do grande Rabi de Estocolmo: “Este não é um processo contra Schnell e os seus amigos, mas um de todos os israelitas do mundo contra os seus detratores. Setenta milhões de judeus têm os seus olhos fixos em Berna”.

Depois de um ano de procedimentos, o tribunal de primeira instância acabou por condenar Schnell, pelo que os judeus alegremente inferiram que se tinham visto livres dos ‘Protocolos’. Este triunfo foi de pouca dura. Em Novembro de 1937, o tribunal de apelação de Berna anulou a sentença prévia, exonerou Schnell, ordenou as queixosas comunidades judaicas a pagar custos e declarou-se incompetente para ajuizar da questão da autenticidade dos ‘Protocolos’.

Mas a questão da autenticidade já tinha sido levantada no primeiro julgamento. Quais foram os resultados? Mais uma vez, negativos. A frente judaica tentou atingir os seus objetivos essencialmente por dois meios: por testemunhos falsos e pela tese de ‘plagiarismo’. Como aqui não podemos entrar em detalhes, vamo-nos limitar aos seguintes comentários: uma certa Sra. Kolb, previamente condenada por fraude e falsificação como “Príncesa Radziwill”, declarou, numa deposição habilmente urdida em conjunção com uma amiga e um certo Conde de Chayla – uma personagem mais que suspeita, um paranoico, aventureiro e traidor, uma vez condenado à morte, depois perdoado – que os ‘Protocolos’ foram escritos em Paris por volta de 1905 por três agentes da polícia secreta russa, com a intenção de atiçar uma campanha de publicidade antissemítica. No entanto, os ‘Protocolos’ foram demonstrados ter estado na posse de um certo Stepanoff, em 1895, e de Nilus, em 1902, e de terem sido publicados todos no jornal russo ‘Znamja’, em 1903, isto é, dois anos antes da sua suposta compilação em Paris! Acrescente-se, foi provado que nenhum dos três russos nomeados, a saber, Ratchkovsky, Manuellov e Golovinsky, estavam em Paris quando, de acordo com a Sra. Kolb, eles supostamente “inventaram” os ‘Protocolos’.

O outro meio de ataque foi a acusação de ‘plagiarismo’. Um equívoco sério nasceu aqui. Basicamente, o problema do valor dos ‘Protocolos’ é bastante diferente daquele que poderá surgir em relação a um trabalho de literatura, o qual poderia ser resolvido pela examinação da sua originalidade e do direito de alguém se considerar o seu autor. Aqui, a questão é totalmente diferente. O ‘Times’ já tinha levantado a questão do plagiarismo em 1903, ao apontar que o texto copia ideias e frases de um panfleto publicado em 1864 por um certo Joly (o próprio um meio-judeu, revolucionário e pedreiro-livre) sobre os métodos usados numa política maquiavélica de dominação. Esta correspondência, ou este ‘plagiarismo’, é real e não é limitada ao trabalho de Joly, mas aplica-se a outras obras então existentes. No entanto, o que tal nos diz? Em decidir se os ‘Protocolos’ correspondem a um programa de dominação mundial de uma organização oculta, não faz diferença se o autor os compôs e escreveu-os de início ao fim, ou se, no curso da sua composição, também usou ideias e elementos de outros trabalhos, criando então, sob o ponto de vista literário, um ‘plagiarismo’. A controvérsia antissemítica já trouxe à luz toda uma série de ‘fontes’ ou antecedentes dos ‘Protocolos’, os quais no geral tiveram a sua inspiração de uma única corrente de ideias e refletem, frequentemente numa forma ‘ficcionalizada’, a consciência confusa de uma verdade. A verdade é que toda a orientação do mundo moderno conforma-se a um plano pré-estabelecido, como se implementada por uma organização misteriosa.

Então, o problema da ‘autenticidade’ traz-nos de volta de novo ao do da ‘veracidade’. No que concerne à ‘autenticidade’, o resultado do julgamento de Berna é, como explicámos, negativo: a acusação não sucedeu em provar que os ‘Protocolos’ eram falsos. Mas, legalmente, a defesa não necessita de provar a autenticidade do documento impugnado; é à acusação que cabe provar a sua falsidade. Mas desde que, apesar de todos os esforços do Judaísmo – os testemunhos concertados, a tese de ‘plagiarismo’, os documentos tendenciosos fornecidos pelos soviéticos, as manobras que conseguiram tornar todos os documentos da defesa inadmissíveis (pelo menos em primeira instância), um relatório extremamente tendencioso do assessor Loosli, um notório filo-semita, e por aí em diante – eles não conseguiram provar a sua falsidade, a situação é clara e a questão da ‘autenticidade’ é liquidada, isto é, está uma vez mais subordinada a um teste duplo de carácter superior, que é, deixem-nos repetir de novo: 1) a prova dos factos; 2) a prova pela prova do espírito judaico.

Tendo dado estas clarificações, é agora possível passar ao conteúdo dos ‘Protocolos’.

Eles contêm o plano para uma guerra oculta, cujo objetivo é a total destruição, nos povos não-judaicos, de toda a tradição, classe, aristocracia e hierarquia e de todos os valores morais, religiosos ou supra-materiais. Com este fim em vista, uma organização internacional oculta, comandada por líderes reais plenamente conscientes dos seus objetivos e dos métodos a serem seguidos para alcançá-los, parecia por muito tempo ter exercido, e continuando a exercê-lo, uma ação unitária invisível, que constitui a fonte de todas as formas de corrupção da civilização e sociedade Ocidentais: liberalismo, individualismo, igualitarismo, pensamento livre, Iluminação antirreligiosa e várias adições, as quais, seguindo estas, trariam a revolta das massas e o próprio comunismo.

É importante notar que a absoluta falsidade de todas estas ideologias é expressamente reconhecida: elas são apresentadas como tendo sido criadas e propagadas apenas como instrumentos de destruição e, em relação ao Comunismo, os ‘Protocolos’ vão ao ponto de declarar: “Se nós fomos capazes de os trazer a tal estado de estúpida cegueira, tal não será prova, e uma prova incrivelmente clara, do grau de subdesenvolvimento em que a mente do GOYIM se encontra em relação à nossa? Isto é, essencialmente, o que garante o nosso sucesso”. (Protocolo XV).

Não só eles falam de ideologias políticas que terão de ser instiladas sem que alguém seja permitido a perceber os seus significados verdadeiros e os seus objetivos, mas eles também falam de uma ‘ciência’ criada com o propósito geral de desmoralização, e referências significativas são feitas à superstição cientista do ‘Progresso’, ao Darwinismo, ao Marxismo e à sociologia historicista, e por aí em diante. “Os Goyim já não são capazes de pensar, no campo da ciência, sem a nossa ajuda”, enquanto, uma vez mais, a falsidade de todas essas teorias é reconhecida (I, II, III, IV).

Em terceiro lugar, encontramos discussão sobre uma ação especificamente cultural: dominar os centros de ensino oficial, controlar, através do monopólio da imprensa popular, a opinião pública; espalhar nos chamados países de liderança uma literatura desenfreada e equívoca (XIV); provocar, portanto, como contraparte do derrotismo social, um derrotismo moral, a ser incrementado através de uma ataque sobre os valores religiosos e seus representantes, a ser levado a cabo, não direta e abertamente, mas por incitamento ao criticismo, suspeita e rumores desonrosos em relação ao clérigo (XVI, IV).

A ‘mercantilização’ da vida é indicada como sendo um dos principais meios de destruição; então, também, a necessidade de ter uma multidão de ‘economistas’ como instrumentos conscientes ou inconscientes dos chefes secretos. Quando os valores espirituais que foram a raiz da antiga autoridade foram destruídos e substituídos por cálculos matemáticos e necessidades materiais, todos os povos do mundo devem ser levados a uma guerra universal, na qual é assumido que cada seguirá os seus interesses próprios e que todos continuarão ignorantes do inimigo comum (IV); finalmente, é proposto o encorajamento de várias ideias de grupos competidores e, em vez atacá-los, utilizá-los na realização do plano global, para que a capacidade para providenciar apoio para as mais diversas conceções, da aristocrática e da totalitária até à anarquista ou socialista, seja reconhecida, desde que os efeitos contribuam para o objetivo comum (V, XII). A necessidade de destruir a vida familiar e a sua influência na educação espiritual é também reconhecida (X), assim como é a de tornar estúpidas as massas através do desporto e de distrações de todos os tipos e de acicatar as suas paixões e tendências irracionais até ao ponto no qual elas perdem todas a capacidade de discriminação (XIII).

Esta é a primeira fase da guerra oculta: o seu objetivo é criar um enorme proletariado, reduzir as populações a um amontoado de seres sem tradição e força interior. Então é proposta uma posterior ação, com base no poder do ouro. Os chefes secretos controlarão o ouro globalmente e, por esse meio, os povos já desenraizados, juntamente com os seus líderes aparentes, mais ou menos demagógicos. Enquanto que, por um lado, a destruição procederá através de venenos ideológicos, revoltas, revoluções e conflitos de todos os tipos, os mestres do ouro irão excitar crises na economia doméstica em todo o lado, com o intento de levar a humanidade a um tal estado de prostração, desespero e total desconfiança em relação a qualquer ideal ou sistema que a tornarão um objeto passivo nas mãos dos dominadores invisíveis, que se irão então manifestar e impor como chefes absolutos mundiais. O Rei de Israel estará à sua cabeça e a antiga promessa do Reino do ‘Povo Escolhido’ será atingida.

Esta á a essência dos ‘Protocolos’. O problema mais abrangente com o qual está ligado tem vários aspetos.

O judeu Disraeli uma vez escreveu estas significativas palavras: “O mundo é governado por personagens muito diferentes daquelas imaginadas pelas pessoas que não estão por detrás da cortina”. A importância dos ‘Protocolos’ consiste, primeiro e antes de tudo, em estimular a suspeita, o pressentimento, de que a história tem uma ‘terceira dimensão’, que uma ‘inteligência’ pode estar escondida atrás dos líderes aparentes e dos eventos e de que muitas das causas presumidas são apenas efeitos de uma influência subterrânea. O que os ‘Protocolos’ dizem sobre uma mentalidade pseudocientífica, criada somente com um pré-estabelecido plano em vista, é particularmente importante; a maneira ‘científica’ ou ‘histórica’ de olhar para a história acerta exatamente nesta descrição e tem como objetivo desviar sistematicamente a atenção do plano onde as causas verdadeiras entram em ação. Nada é mais significativo que esta passagem do Protocolo XV: “A mente puramente bruta do GOYIM é incapaz de uso para análise e observação, e ainda mais para prever para onde uma certa maneira de pôr uma questão pode tender. Nesta diferença na capacidade para pensamento entre o GOYIM e nós pode claramente ser discernido o selo da nossa posição como o Povo Escolhido e da nossa mais elevada qualidade de humanidade, em contraste com a mente bruta do GOYIM. Os seus olhos estão abertos, mas nada vêm à sua frente e não inventam (a não ser, talvez, coisas materiais). Disto é claro que a própria natureza destinou-nos a guiar e a dominar o mundo.” O mesmo protocolo enfatiza: “Porque os povos, em relação aos segredos da nossa política, são crianças, são eternamente menores, assim como os seus governos”.

Não é por acaso que a história recente nos mostrou as fases de um sistemático e progressivo trabalho de destruição espiritual, política e espiritual e, neste respeito, os ‘Protocolos’ oferecem-nos, para dizer o mínimo, o que um cientista chamaria uma ‘hipótese de trabalho’, ou seja, uma ideia básica cuja veracidade é confirmada pela sua capacidade de organizar, por via de pesquisa indutiva, um corpo de factos de outro modo aparentemente não relacionados e espontâneos, ao exibir a sua lógica e a sua direção única. Este é o segundo aspeto a tomar em conta.

O facto é que o conteúdo dos ‘Protocolos’, na sua primeira parte, que versa sobre as etapas e os meios da destruição, corresponde de uma maneira impressionante ao que se desenrolou, e continua a desenrolar, na história recente, como se os chefes dos vários governos, os líderes aparentes dos vários movimentos, e todos os que fizeram ‘história’ no século passado, fossem apenas os executores inconscientes de uma plano pré-estabelecido há muito tempo atrás, por esse texto ou por outros, como já mencionámos. É por isto que Hugo Wast (Oro, Buenos Aires, 1935, p. 20) escreveu: “Os ‘Protocolos’ podem ser falsos, mas estão a ser levados a cabo primorosamente”, e Henry Ford, no jornal World, 17 de Fevereiro, 19212, escreveu: “A única declaração que cabe fazer sobre os Protocolos é que eles encaixam no que se está a passar. Eles têm dezasseis anos de idade e encaixaram na situação mundial até aos dias de hoje. Eles encaixam hoje.” Henry Ford refere aqui a primeira edição, a de Nilus, mas a controvérsia antissemítica estabeleceu que eles datam até vinte anos antes e que o documento original foi conhecido por Bismarck. A própria história então prova a veracidade dos ‘Protocolos’ de uma maneira que as acusações dos seus oponentes não podem refutar, e que todas as dificuldades dos ‘espíritos positivos’ clamam encontrar, e que eles afirmam mudar os termos do problema, resultam não meramente de superficialidade mas de clara irresponsabilidade – não de “objetividade”, mas de preconceito.

Via capitalismo, a mentalidade do ghetto espalha-se às civilizações arianas, o que ao mesmo tempo estabelece a fundação para a revolta das massas trabalhadoras. De acordo com isto, os judeus, Marx, Lassalle, Kautsky e Trotsky, dão às massas as mais poderosas armas ideológicas, sob a forma de falsificações materialísticas do mito messiânico, sempre subordinando o movimento a um objetivo preciso: a destruição de todos os vestígios de verdadeira ordem e de civilização diferenciada. Táticas ocultas paralelas, com o mesmo fim, engendram os mais profundos conflitos internacionais e financeiros judeus armam extensivamente cada frente militarista, enquanto, por outro lado, a ideologia judeo-masónica do liberalismo e da democracia prepara coligações oportunas. O conflito mundial de 1914-18 estala, cuja verdadeira significação, de acordo com as declarações oficiais do Congresso Maçónico Internacional que foi realizado em Paris durante o Verão de 1917, foi a guerra santa da democracia, “a coroação do trabalho da Revolução Francesa” (sic), a qual teve em vista não esta ou aquela reclamação territorial, mas a destruição dos grandes impérios europeus e a formação da Liga das Nações como um omnipotente superestado demo-maçónico. O capitalismo judeu-americano financia a Revolução Russa (com a qual a aristocracia inglesa estava também envolvida) e como, com o colapso da Rússia, um primeiro objetivo é alcançado, a América intervém diretamente, sem qualquer razão manifesta, e os Impérios Centrais encontram o mesmo destino que o da Rússia.

Depois da guerra, as chamas revolucionárias acendem-se por todo o lado, tanto nas nações conquistadas como nas vitoriosas, e o poder do Judaísmo toma um fenomenal passo em frente, através da dívida universal, através de uma tirania secreta no estado soviético e através do controlo da opinião pública mundial e abrangente influência cultural. No entanto, já que os objetivos da revolta na Europa não são alcançados, eles passam a uma nova fase.

A Terceira Internacional abruptamente muda de táticas e alia-se, via Frentes Populares, com a Segunda Internacional e com as grandes democracias capitalistas, desmascarando assim a estrutura da guerra secreta. Depois do falhanço das sanções, todas estas coisas acontecem duma vez: os sovietes provocam a revolução em Espanha, aliam-se resolutamente com a França Judaico-Maçónica, e assumem, em cooperação com as políticas secretas antifascistas de Inglaterra, um papel orientador na Liga das Nações. Alianças decisivas são desta forma preparadas. O leitor irá encontrar uma excelente reconstrução da ‘guerra oculta’ no livro de Malinski e de de Poncins que é intitulado, precisamente, ‘La guerre occulte’ e no artigo na Vita Italiana: ‘Está Israel a provocar uma guerra?’. Este é de facto o prelúdio às fases finais do plano dos ‘Protocolos’. Na realidade, adotar como hipótese de trabalho as ideias essenciais deste manuscrito ‘apócrifo’ é encontrar um guia fiável para uma significação unitária mais profunda de todas os importantes levantamentos dos tempos recentes. É por isto que Adolf Hitler o considerou sem dúvida o meio mais poderoso de acordar o povo germânico3.

Podemos agora passar a outras considerações que demonstrarão a veracidade dos ‘Protocolos’, não só como sigillum veri, mas também como testemunho de uma influência especificamente judaica. Basicamente, mesmo assumindo que a subversão do Ocidente tem como seu fundo uma causalidade superior, temos ainda que provar estritamente que os judeus são verdadeiramente responsáveis por ela. Por outras palavras, mesmo assumindo que os ‘Sábios’ existem, temos de determinar se eles são na verdade ‘Sábios do Sião’, se desejamos ser insuspeitos de fazer uma interpretação tendenciosa, derivada meramente de apontar o judeu como responsável por toda e qualquer subversão e assim justificar uma campanha antissemítica extremista.

Esta é certamente uma questão legítima, mas só enquanto a pudermos perguntar em relação a uma organização que é ex hypothesi oculta. Na Maçonaria, até os mais altos dignatários desconhecem quem são exatamente os chamados ‘Superiores Desconhecidos’, aos quais devem obediência, quem são e os dos quais se podem até sentar ao lado sem serem capazes de os identificar. Não podemos portanto esperar produzir cartões de identidade autentificados dos ‘Sábios’  em ordem a colocar os problemas que advêm dos ‘Protocolos’ no contexto da questão judaica. Isto no entanto não nos impede de chegar a um ‘processo de evidência’ bastante preciso.

Comecemos por dizer que não podemos apoiar o tipo de antissemitismo fanático que vê o judeu em todos os lugares, como um deus ex machina, e que finalmente cai nesse tipo de ratoeira. De facto, como Guénon mencionou, um dos meios de defesa das verdadeiras forças ocultas consiste em chamar tendenciosamente toda a atenção dos seus adversários sobre pessoas que são apenas responsáveis parciais por determinadas perturbações, tornando-as então os bodes expiatórios sobre os quais todas as reações são apontadas, deixando-os então livres para continuar o seu jogo. Isto é verdade, num certo sentido, com respeito à questão judaica. Meramente notando o papel pernicioso do judeu na história da civilização não deve ofuscar uma investigação mais funda, a qual nos pode tornar conscientes de forças para as quais o Judaísmo foi, em certa extensão, apenas o instrumento.

Além disso, os ‘Protocolos’ frequentemente falam imprecisamente sobre Judaísmo e Maçonaria, pelo que um lê “conspiração Judaico-Maçónica”, a nossa dividida “Maçonaria”, e no final da primeira edição: “assinada por todos os representantes do Sião do grau 33”. Já que a teoria de que a Maçonaria é uma criação exclusiva e instrumento do Judaísmo é, por várias razões, impraticável – veja o nosso “As relações entre a Maçonaria e o Judaísmo”, na Vita Italiana, Junho de 1937, onde demonstramos que a judaização da Maçonaria ocorreu essencialmente no século dezoito – decorre que é necessário referir para uma muito maior estrutura de forças subversivas ocultas, as quais estamos até inclinados a pensar não é puramente humana. De mais, as principais ideologias indicadas pelos ‘Protocolos’ como sendo instrumentos de destruição, que de facto têm esse efeito histórico (liberalismo, individualismo, cientismo e racionalismo, etc.) são só os últimos elos numa cadeia de causas que são impensáveis sem antecedentes como, por exemplo, o humanismo, a Reforma, o Cartesianismo, todos os quais são fenómenos que ninguém pode seriamente imputar a uma conspiração judaica – exceto Nilus, na medida em que, num apêndice à sua edição dos ‘Protocolos’, ele faz datar a conspiração judaica a 929 B.C.4.

Talvez Nilus pressentisse uma certa verdade, de modo confuso. As várias etapas no progresso destrutivo da Serpente Simbólica, do qual ele nos informa, são no seu todo perfeitamente reais, mas é aconselhável examiná-las numa estrutura bem mais alargada e objetiva: a queda da antiga, sagrada Grécia Dórica e o surgimento da Grécia mais ‘humanista’; a degenerescência do Império Romano; a degenerescência em absolutismo do Sacro Império dos Povos Germânicos com Carlos V e com a Reforma; a preparação da Revolução Francesa (iluminismo, racionalismo, absolutismo); as manobras anti-tradicionais da Inglaterra mercantil; os ataques sobre a Áustria e as intrigas dentro da Alemanha; e a antecipação do Bolchevismo, o ponto de chegada da ‘serpente’. No entanto, por contraste, devemos lembrar que a ação positivamente destrutiva da organização internacional judaica desenvolveu-se num período mais recente, e que os judeus encontraram um campo já minado por um processo de decomposição e involução, cujas origens datam a tempos já muito distantes, que estão ligados a uma cadeia de causas muito complexas (ver ‘A Crise do Mundo Moderno’, René Guénon; ‘Revolta Contra o Mundo Moderno’, Julius Evola). Eles usaram esse campo e, por assim dizer, enxertaram a sua própria ação nele, acelerando o ritmo destes processos. Portanto eles não podem ser os únicos responsáveis pela inteira subversão universal. Os ‘Sábios do Sião’ são realmente um muito maior profundo mistério do que a maioria dos antissemitas, ou aqueles que, pelo contrário e por razões diferentes, reduzem tudo ao internacionalismo maçónico ou a algo desse género, podem imaginar.

Pensamos que esta adenda é eminentemente justificada. No entanto, tento estabelecido isto, a ‘presunção’ que aqui indicamos, e que constitui a segunda base da veracidade dos ‘Protocolos’, é completamente justificada, e guia a resultados muito precisos.

Aqui, devemos distinguir dois aspetos, um prático, o outro ideológico. Em termos práticos, somos supostos imaginar que tantos eventos que culminaram em vitórias para o Judaísmo, junto com a infalível presença de judeus, meios-judeus ou agentes to Judaísmo em conivência com a Maçonaria judaizada, em todos as principais assentos da moderna subversão social, política e cultural, foram fortuitos? É suposto ignorar o facto de Israel não apenas ter permanecido unido, apesar da dispersão, mas que os agentes do Judaísmo, citando quase literalmente as palavras dos ‘Protocolos’, reconheceram que tal dispersão tem um caráter providencial, já que facilita a dominação universal prometida a Israel? E, não nos enganemos, neste respeito, existe também uma unidade que é bastante diferente da unidade abstrata e ideal. Israel, a inacessível célula em cada nação, o povo dentro de todos os povos e, em alguns casos, como na Checoslováquia, mesmo estado dentro do estado, tem o seu próprio parlamento supranacional, com legítimos delegados eleitos pelos judeus de cada país, que regularmente se encontra e toma decisões, sem, obviamente, ser obrigado a entregar um relatório completo e público destes a qualquer Goy que o deseje. Por outro lado, existe um domínio cujas suposições e induções de nada valem relativamente a estatísticas esmagadoras: o facto é que, onde os judeus obtiveram emancipação e igualdade, eles não as usaram para estabelecer relações normais com os Goyim, mas para subir imediatamente às principais posições de responsabilidade e de privilégio social e para então desenvolver, mais ou menos visivelmente, hegemonia real. Se os princípios de democracia e liberalismo foram criados pelos ‘Sábios’, ou não, o facto é que, em todos os países e épocas em que esses princípios prevaleceram, o judeu impregnou, parasiticamente ou tiranicamente, os mais altos degraus da cultura e da sociedade, onde exerceu indubitavelmente uma influência destrutiva e corrosiva e onde teceu uma corda de solidariedade racial internacional que, deixando de lado a plano de uma verdadeira guerra secreta, tem o caráter de uma conspiração. É tudo isto mero acaso?

Mas este especto prático da influência judaica está ligado na sua raiz ao problema teorético. Para apresentar o problema judaico propriamente, para perceber o verdadeiro perigo do Judaísmo, é necessário trabalhar na premissa de que o que é fundamental para o Judaísmo não é tanto a raça (no sentido biológico estrito) como a Lei. ‘A Lei’ significa o Antigo Testamento, a Tora, mas também, e especialmente, os seus desenvolvimentos posteriores, o Mishnah e, finalmente, o Talmude. Foi corretamente dito que, como Adão, o judeu foi formado pela Lei, e a Lei, pela sua antiquíssima influência através de gerações, acordou instintos especiais, uma maneira especial de sentir, de reagir, de se comportar, passou para o sangue, e continuou a atuar no judeu sem ele disso estar diretamente consciente ou de o querer. É uma essência, um modo incoercível de ser, que permitiu a Israel preservar a sua unidade, e o seu princípio, a Lei judaica, o espírito talmúdico, persiste e atua hoje, fatalmente, tanto de uma maneira atávica e inconsciente, ou de uma maneira oculta, ou de outra maneira mais ou menos tortuosa.

Aqui outra prova decisiva da veracidade dos ‘Protocolos’ como um documento judaico torna-se aparente, nomeadamente, que extrai da Lei todas as suas consequências lógicas no plano da ação significa, precisamente, chegar mais ou menos ao que é essencial nos ‘Protocolos’: o Judaísmo Internacional lutou para provar que os ‘Protocolos’ são ‘falsos’, enquanto tomando grande cuidado para evitar a questão se o documento, verdadeiro ou falso, corresponde ao espírito judaico. E é precisamente esta a questão que gostaríamos de examinar agora. A Lei judaica é baseada na distinção radical entre o judeu e o não-judeu, o que é apresentada mais ou menos nos mesmos termos que entre o humano e o animal, ou aquela entre a elite e os escravos; daqui é derivada a promessa de que o Reino Universal de Israel virá mais cedo ou mais tarde, e que todos os povos terão de se submeter ao cetro de Judá; é o dever do judeu de apenas ver violência e injustiça em toda a lei que não é a Lei, manifestar um tormento, e uma abjeção, se o seu poder é menos que absoluto; daqui deriva uma dupla moralidade que limita a solidariedade à raça judaica, enquanto aprova todo o tipo de mentiras, truques e traições, nas relações entre judeus e não-judeus, fazendo dos segundos proscritos; finalmente encontramos a santificação do ouro e do juro como instrumentos do poder do judeu, a quem, por promessa divina, toda a riqueza da terra deve peculiarmente pertencer, e que deve ‘devorar’ qualquer povo que o Lorde Lhe entregar. O Talmude vai ao ponto de dizer: “Até o melhor dos não-judeus (goyim) merece a morte.” No Shemoneh Esreh, uma reza judaica diária, lê-se: “Que os apóstatas percam toda a fé, que os nazarenos e os minim (os cristãos) pereçam no campo, sejam eliminados do livro da vida e não tenham contato com os justos.”

 “Ambição sem limites, sede devoradora, desejo cego de vingança e excessivo ódio”, pode-se ler no Protocolo XI, e é difícil encontrar uma expressão mais apropriada para o que é revelado àquele que penetra na essência judaica. A esperança do Reino nunca partiu do judeu e nesta esperança encontra-se o segredo da força silenciosa que permitiu a Israel persistir e permanecer verdadeira à sua própria natureza através de séculos, tenaciosa, obstinada, orgulhosa e vil ao mesmo tempo. Ainda hoje, todos os anos, as comunidades judaicas evocam a seguinte promessa durante a celebração do Rosh Hashanah: “Levantem as mãos em direção aos céus e aclamem Deus enquanto regozijam, já que Jeová, o Mais Elevado, o terrível, submeterá todas as nações e as prostrará aos nossos pés.” Para estas citações textuais e para as declarações oficiais dos representantes do Judaísmo, incluindo atuais, referimos o leitor para os números de Maio e Junho da ‘Vita Italiana’ e para o ‘Fatti e Commenti’, assim como para os seguintes trabalhos: E. Vries de Heekelingen: 'Israël, son passé, son avenir' (Paris, 1937); U. Fleischhauer: 'Die Echten Protrokolle der Weisen von Zion' (Erfurt, 1935); E. Jouin: 'La judéo-maçonnerie et l'église catholique' (Paris, 1921).

O leitor encontrará num apêndice [aqui não incluído] documentação específica de citações textuais e de declarações de representantes, incluindo contemporâneas, do Judaísmo, da “tradição” israelita.

Então, a convergência teórica entre a essência dos ‘Protocolos’ e aquela do Judaísmo é indisputável e podemos inferir que, mesmo que os ‘Protocolos’ sejam inventados, o autor escreveu o que os judeus fiéis à sua tradição e à vontade funda de Israel teriam pensado e escrito.

Não se deve imaginar, portanto, que esta discussão é uma questão de deslocamento retrospetivo e que a Lei é meramente um mito religioso oriundo de um passado remoto e ‘ultrapassado’. Os judeus fiéis à sua tradição são bem mais numerosos do que é comumente acreditado, ou do que se é levado a acreditar. Mas é necessário reconhecer que a influência do Judaísmo não está limitada a estes fiéis: a influência da lei seguida continuamente por séculos não desaparece de um dia para o outro, mas manifesta-se perpetuamente, de uma forma ou de outra, em qualquer substância judaica. De acordo como o que tem sido dito acima acerca da essência da Lei, que considera injusta e violenta qualquer ordem que não seja a seguida pelo ‘povo escolhido’, segue-se necessariamente que o judeu tende, consciente ou inconscientemente, a toda a agitação e subversão, a um projeto contínuo de corrosão. É assim hoje e assim o será para sempre. Na era clássica, a Judiaria era já significativamente assimilada à estirpe ‘Tifónica’, isto é, a forças desintegrativas obscuras, inimigos do deus solar, geradoras dos ‘filhos da revolta impotente’. Theodor Herzl, fundador do Sionismo, reconheceu que os judeus, por um lado, sempre formaram um corpo de oficiais não-comissionados, como se fossem partes revolucionárias e, por outro lado, sempre usaram o terrível poder do ouro de maneiras multifacetadas. A oposição entre as duas Internacionais, a revolucionária e a financeira, é apenas aparente e meramente a expressão da natureza dos dois objetivos estratégicos; o milionário judeu Schiff, que publicamente se gabava de ter financiado e trazido a revolução bolchevique, é apenas um caso revelador entre muitos outros, escondidos atrás das cenas da história ocidental. De novo, o apêndice [aqui não incluído] oferece materiais preciosos ao leitor, ao qual pode ser acrescentado o que a ‘Vita Italiana’ tem trazido à luz metodicamente.

Atenção também deve ser dada ao trabalho destrutivo que o Judaísmo tem alcançado, bastante de acordo com as estipulações dos ‘Protocolos’, especialmente no campo cultural, onde a destruição se tem tornado protegida pela Ciência, Arte e Pensamento. Freud, cuja teoria tenta reduzir a vida interna aos instintos e a forças inconscientes, ou a convenções e repressões, é judeu; Einstein, cujo ‘relativismo’ se tornou de bom gosto, é judeu; Lombroso, que perversamente equiparou génio, crime e loucura, é judeu, como o são Stirner, o pai do anarquismo absoluto, e Debussy (meio-judeu), Schönberg e Mahler, os maiores representantes da música decadente. Tzara, criador do Dadaísmo, o limite extremo da desintegração da chamada avant-garde, é Judeu, e também o são Reinach e muitos outros representantes da escola sociológica, que é caracterizada pela interpretação degradada das antigas religiões. Nordau, que quer reduzir a essência da civilização a convenções e mentiras, é também judeu. A ‘mentalidade primitiva’ é em grande medida uma descoberta do judeu Levy- Brühl e é ao judeu Bergson que devemos uma das formas mais notáveis de irracionalismo, a exaltação da ‘vida’ e do ‘devir’ à custa de qualquer princípio intelectual mais elevado. Ludwig, cuja biografia contém tantas distorções tendenciosas, é Judeu. Wassermann e Döblin são judeus, como toda uma série de novelistas em cujos trabalhos uma crítica corrosiva e mordaz dos valores sociais essenciais pode ser sempre encontrada. E por aí adiante. Somo tao ingénuos para considerar tudo isto, uma vez mais, um tema do ‘acaso’? A mesma influência emana de todas estas personalidades, cujo efeito destrutivo propaga-se nos seus domínios respetivos, e pode-se desde logo ouvir os berros de ‘barbarismo’ e de ‘racismo fanático’ assim que eles são impugnados. Para rebaixar, para transformar todos os pontos fixos em variáveis, para tornar todas as certezas problemáticas, para sensualizar, para exaltar tendenciosamente tudo o que é inferior no homem, para espalhar uma espécie de terror, calculado para favorecer o autoabandono a forças obscuras e para pavimentar o caminho para influências ocultas do tipo descrito nos ‘Protocolos’; este é o verdadeiro significado do Judaísmo cultural. Não pensamos que existe aqui um plano genuíno, ou até uma intenção precisa da parte de todos os indivíduos; o que entra em camp é a ‘raça’, isto é, um instinto; da mesma maneira, é da natureza do ferro queimar. O facto mantém-se que toda a desorganizada, inconsciente influência está em perfeito acordo com a influência oculta, integral, unitária das forças escondidas da subversão universal. Em ordem para reconhecer a existência do Judaísmo internacional, não é necessário afirmar que todos os judeus são guiados por uma organização genuína e que toda a sua ação segue conscientemente um plano. O elo é estabelecido em grande medida automaticamente, por natureza. Quando isto se torna claro, outro aspeto da veracidade dos ‘Protocolos’ é imediatamente confirmada.

O que é debatível, no entanto, é a verdadeira natureza dos objetivos principais dessa influência indisputável. A parte problemática dos ‘Protocolos’ é aquela que lida com a reconstrução, não com a destruição. Quando Nilus compara, num tom apocalíptico, o ideal principal dos ‘Protocolos’ à vinda do Anticristo (a obsessão da alma eslávica), ele simplesmente delira. A verdade é que este ideal, basicamente, é a ideia imperial, nem mais nem menos – e mesmo numa forma mais elevada: uma autoridade de direito divino absoluto e inviolável, um sistema de classes, um governo de homens que possuem um conhecimento transcendente e que desprezam todos os mitos racionalistas, liberais e humanitários; defesa de uma indústria artesanal e luta contra a luxúria. O ouro, uma vez a sua missão completa, será ultrapassado, assim como será a demagogia, todos os ‘princípios imortais’ e todas as ilusões e sugestões usadas e espalhadas como meios. Aí fica uma promessa de paz e de liberdade, respeito pela propriedade e pela pessoa, para quem reconhece a Lei dos Sábios do Sião. O soberano, escolhido por Deus, dedicar-se-á à destruição de todas as ideias ditadas pelo instinto e pela animalidade; uma personificação, de uma maneira, do destino, ele será inacessível à paixão, e mestre de si mesmo e do mundo à sua volta; o seu poder será tão inabalável que ele não necessitará de um guarda armado perto de si (III, XXII, XXIII, XXIV).

Os ‘Protocolos’ perdem muito do seu significado se não se separa essa parte do resto, porque, se tal fosse o seu verdadeiro objetivo, eles poderiam basicamente receber uma justificação. Mas, para nós, tudo isso é fantasia. Nós tentámos, em vez, analisar o processo que levou à paradoxa associação entre estes revivalismos de ideias tradicionais, ligados ao ideal do ‘Regnum’, e os motivos da subversão anti-tradicional: aqui, vemos antes um desvio, culminando numa verdadeira ‘inversão’, de certos elementos dos quais o espírito original se retirou; elementos que, deixados a si próprios, ficaram sob a influência de forças de um tipo bem diferente. Nós tentámos noutro lugar determinar as fases sucessivas desta inversão e perversão (veja o nosso 'Trasformazioni del Regnum', em Vita Italiana, Novembro de 1937). A parte positiva, que traçamos nos ‘Protocolos’, é aquela de onde demonstramos como existe, em todos os processos destrutivos do mundo moderno, algo que não aconteceu ‘por acaso’, algo que mostra um ‘plano’ e a presença de forças ocultas. Já falámos sobre o papel que o judeu teve aí, e pensamos que é errado concluir que tudo o que fez, fez com o ideal do império espiritual em vista, como descrito nos ‘Protocolos’. E mesmo que este não fosse o caso, para nós que não somos judeus, o resultado seria o mesmo, já que disputamos o direito de Israel de se considerar como o ‘povo escolhido’ e de reclamar um Império que implicaria a submissão de todas as outras raças. Não estamos de modo algum dispostos a conferir absolvição por este crime. Conhecemos toda a grandeza da Europa imperial, aristocrática e espiritual e sabemos que toda essa grandeza foi destruída. Lutámos contra as forças que causaram essa destruição e sabemos do papel que os judeus tiveram então, e têm hoje, dentro dela, e sabemos que eles podem ser, hoje, encontrados necessariamente em todos os mais virulentos centros da revolução internacional. O nosso conhecimento em relação a isto não requer que nos ponhamos quaisquer perguntas adicionais. No entanto reconhecemos que as posições mais antissemitas não estão à altura da verdadeira tarefa, já que, pela ideia de raça, de nação, de anti-revolução, de anti-bolchevismo, de anti-capitalismo, este ou aquele setor da frente judaica e da mais vasta subversão à que está associada, pode certamente ser afetada, mas não chegaremos ao seu âmago. Os mitos políticos da maioria não contam muito, o seu alcance é curto, a sua validade é frequentemente afetada pelos próprios demónios que eles esperam curar. O que é necessário é um retorno total à ideia espiritual de império, à vontade precisa, dura, absoluta de uma verdadeira reconstrução em todos os domínios e, portanto, primeiro, nesse espírito, sobre o qual tudo o resto depende. O Protocolo V contém uma menção realmente significativa, reconhecendo que só um Soberano que retira a sua autoridade de um ‘direito divino’ pode realmente aspirar a um império universal, e que os ‘Protocolos’ acrescentam que só alguém com a aparência similar de sentido oposto estaria numa posição de combater os ‘Sábios do Sião’; e que esse conflito entre ele e eles “seria de tal natureza como o mundo nunca conheceu.”

Os ‘Protocolos’ concluem: “Mas é tarde demais para eles” – isto é, para nós. A nossa visão é a oposta desta. No tempo presente, forças de todos os lados estão a aparecer para a reconquista, porque o destino a que a Europa parecia condenado pode ser revertido. Estas forças devem estar completamente conscientes das tarefas e dos princípios que inflexivelmente determinam a sua ação, e devem ter a coragem para serem radicais, especialmente no plano espiritual, e para rejeitar todo o compromisso, para preparar as condições para a formação de uma frente tradicional internacional, e que continuem nesta direção até que o conflito “de tal natureza como o mundo nunca conheceu” os encontre unidos num bloco único, inquebrantável e irresistível.



1.     Conde Alexandre du Chayla foi um aristocrata francês que se converteu à ortodoxia e subsequentemente lutou no exército Branco contra os Bolcheviques. Em 1909 conheceu Nilus, que lhe mostrou o ‘original’ do documento e mais tarde disse que a questão da sua autenticidade não lhe interessava demasiado: “Vamos admitir”, disse a du Chayla, “que os ‘Protocolos’ são falsos. No entanto, não pode Deus usá-los para desvendar a iniquidade que eles fermentam? Não pode Deus, pela nossa boa-fé, tornar ossos de cães em relíquias miraculosas? Ele pode então pôr numa boca mentirosa o desvendar da verdade!”

2.     O nome deste jornal é na realidade New York World.

3.     “… A extensão com que toda a existência deste povo é baseada numa mentira contínua é mostrada incomparavelmente pelos Protocolos dos Sábios do Sião, infinitamente detestados pelos judeus. Eles são baseados numa falsificação, o Frankfurter Zeitung queixa-se e grita uma vez cada semana: esta é a melhor prova da sua autenticidade […] O importante é que, com certeza positivamente terrorífica, eles revelam a natureza e a atividade do povo judeu e expõem os seus contextos internos, bem como os seus objetivos finais.” (A. Hitler, ‘Mein Kampf’). Alfred Rosenberg, no seu ‘Os Protocolos dos Sábios do Sião e as Políticas Judaicas Mundiais’, publicado em Munique em 1923, conclui que “As políticas de hoje são verdadeiras em todos os detalhe às afirmações e ao plano exposto nos ‘Protocolos’.”


4.     No entanto, na 'La scienza ebraica, la teoria della relatività e la "catarsi demoniaca"' (Vita Italiana, Maio de 1940), Evola, sob o pseudónimo ‘Arthos’, trouxe à luz “as relações que existiram desde os tempos mais antigos entre o Judaísmo e a inclinação para uma especulação matemática abstrata e sem vida”, e notou que “essa religião, à sua custa, traz-nos de volta para uma oposição entre visões gerais do mundo e origina naquela negação do mundo como cosmos, como unidade orgânica e viva, que caracterizava o semita em oposição ao ariano”. Mais concretamente, acrescentou que “pode ser notado que a álgebra e a aritmética foram trazidas para o Ocidente pelos semitas e pelos árabes; os números que permitem operações algébricas são precisamente aqueles chamados ‘arábicos’ e que eram desconhecidos, por exemplo, para os romanos, que tinham os seus próprios métodos de cálculo – já que, obviamente, com números romanos é impossível realizar as mais básicas operações aritméticas conhecidas de todos hoje”. Nós, não entendemos estas considerações caricatas, já que podem ser desenvolvidas para ajudar-nos a concluir que a chamada moderna ‘ciência ocidental’ não teria sido possível sem a contribuição semítica.

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