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Deuterónimo 21:18-21:
"Quando alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedecer à voz de seu pai e à voz de sua mãe, e, castigando-o eles, lhes não der ouvidos,
Então seu pai e sua mãe pegarão nele, e o levarão aos anciãos da sua cidade, e à porta do seu lugar; E dirão aos anciãos da cidade; Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz; e um comilão e beberrão.
Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão, até que morra; e tirarás o mal do meio de ti, e todo o Israel ouvirá e temerá".
Então seu pai e sua mãe pegarão nele, e o levarão aos anciãos da sua cidade, e à porta do seu lugar; E dirão aos anciãos da cidade; Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz; e um comilão e beberrão.
Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão, até que morra; e tirarás o mal do meio de ti, e todo o Israel ouvirá e temerá".
Código de
Manu, artigo 45:
"Uma mulher está sob a guarda do seu pai durante a infância, sob a guarda do seu marido durante a juventude, sob a guarda de seus filhos em sua velhice; ela não deve jamais conduzir-se à sua vontade"
Lei das XII
Tábuas – Tábua 4,2:
”O pai terá sobre os filhos nascidos de casamento legítimo
o direito de vida e de morte e o poder de vendê-los.”
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Da notícia em epígrafe, como esperado, resultaram as
reações e os clamores frenéticos da imprensa em geral bem como dos respetivos
leitores, como atestam os comentários à mesma e os escritos nas redes sociais,
que são hoje um barómetro notável do lixo que atormenta a mente das massas
humanas.
O nojo e repugnância causados ao cidadão normalizado
já são viscerais, às quais se seguem campanhas indignadas, alertas furiosos e
clamores frenéticos para abolir a prática de tais atos. Os que se querem
mostrar mais indignados contra o “medievalismo” e – que melhor altura haverá
para marcar pontos junto do totem modernista? – vêm prontamente pedir o retorno
da pena de morte, acompanhado por sevícias e torturas aos perpetradores.
Medidas judiciais preventivas e reintegrativas, o ónus da prova da acusação ou a
presunção da inocência só a contragosto se aplicam a este tipo de
prevaricadores da ordem social.
Não me interessando falar especificamente deste caso,
o qual não conheço em detalhe, parece-me por demais interessante investigar a
causa da tão grande celeuma que estes atos causam na nossa sociedade, que a meu
ver estão graduados acima da violência sexual contra crianças ou atos de
necrofilia, no que concerne à repulsa social causada.
Porque é que uma sociedade que convive com o homicídio
de forma diária (assista-se a qualquer noticiário ou a programas e séries
televisíveis), que não se indigna com uma violência urbana crescente, que
assiste de forma passiva ou ativamente passiva a desastres humanitários que
ceifam a vida a milhões de seres humanas e que, inclusive, participa mais ou
menos ativamente em campanhas militares internacionais que causam a perda de
vida de dezenas de milhares de pessoas anualmente - tem uma reação tão
desproporcionada para com este tipo de crimes, que com certeza constituirão uma
risível percentagem de assassinatos em qualquer território nacional europeu?
Parece-me que há um conjunto de razões, que podem ser
agrupadas numa causa geral: o de estas ações constituírem o maior ato de
rebeldia possível ao atual sistema de valores do chamado ocidente. Atente-se
bem: 1 - os meliantes não se movem por qualquer interesse social, económico ou
vantagem discernível para o cidadão comum, que são o móbil da esmagadora
maioria dos crimes modernos; 2 - a ação visa muito menos uma vingança meramente
retributiva, mas essencialmente o restabelecimento da honra de uma entidade
supra-individual; 3 - a liberdade individual de escolha e de auto-determinação,
vistas como entes sagrados nos dias de hoje, foram submetidas a códigos
familiares e religiosos; 4 – revela uma conceção da sociedade em que a
liberdade individual, e em especial a da mulher, está submetida ao poder
patriarcal.
Numa sociedade que vê a total libertação do indivíduo
como um desiderato ideal; que se rege por padrões de comportamento que promovem
a busca do individualismo acima de quaisquer outros organismos sociais, para
além do estado; que não concebe valores mais elevados que a promoção de um
bem-estar acéfalo e materialista de indivíduos ou grupos; que secularizou de
forma total a vida social; onde a religião se reduziu a uma moralidade
mesquinha e que se adapta cada vez mais aos egoísmos privados e às últimas ideologias
de “libertação”; onde o papel da família é reduzido cada dia a um acidente
biológico que anacronicamente ainda vai subsistindo; onde o homem e a mulher
são vistos como seres absolutamente iguais em direitos e deveres e que promove
a todos os custos uma utopia distorcida que pretende ignorar que homem e mulher
só se cumprem no preenchimento da sua natureza biológica, psíquica e
espiritual; onde o papel dos pais é o de mero suporte financeiro aos filhos biológicos,
que cada vez mais são endoutrinados para ver a família como uma teia da cuja
cabe fugir quanto antes; cujos filhos são, levados por uma psiquiatria doentia
a considerar como realidade as partes mais negras da psique, onde os
recalcamentos familiares e a culpa dos pais são considerados a força motriz da
sua saúde mental; numa sociedade onde as noções de honra não passam de mero
atavismo e onde tudo se deve compreender e aceitar em nome do mito da
tolerância e de um humanismo que mais não faz que desarmar o que de forte e
nobre existe num ser orgulhoso e auto-suficiente – poderá haver crime mais
sacrílego que o do Pai que mata a filha porque esta desonrou a família?
Repare-se que muitos dos homicidas de outra ordem
encontram apologistas ou racionalizadores nos setores académicos, intelectuais e
mesmos judiciais: o pobre que mata o rico fá-lo, muitos dizem, porque aquele se
encontra oprimido por estruturas de repressão económica e social, quando não de
sistemático racismo, que ajudarão a compreender se não mesmo a atenuar a culpa;
o mesmo é extensível a todos os indivíduos e aos mais variados crimes: a
mulher, que vive num sistema patriarcal; o pedófilo, que foi reprimido
sexualmente na juventude; o negro, que viveu num clima de opressão xenófoba; o
jovem, que é inimputável, etc…
Os últimos séculos
no Ocidente, em termos judiciais, foram caracterizados por uma gradual
transferência da culpabilidade do delinquente para o Estado e para a sociedade,
vistos pela vanguarda que tomou conta dos nossos destinos como os causadoras
últimos das amarguras dos cidadãos oprimidos, o que explica em grande parte, se
não na totalidade, os respetivos comportamentos criminais (atente-se ao
crescimento desproporcional de medidas de coação preventivas e integrativas –
aplicação de coimas, penas suspensas, reabilitação, multas, etc. - em relação à aplicação de penas
punitivas pelo Estado ou pelo lesado).
Esta atitude de desculpabilização e de santificação não
se aplica ao nosso “delinquente” que toma nas suas mãos a restituição da honra
da sua família e restauração da ordem - antítese do criminoso moderno – pelo
que a reprovação pública e a severidade penal não terão contemplações.
Cabe-nos a nós, conscientes da total inversão de
valores em que o mundo moderno vegeta, reconhecer a sua natureza heroica (não
nos permita-mos pensar que os autores não conheciam as severas consequências
que as suas ações acarretariam), eco de um conceito de vida que vai definhando
e que se exprime por atos de afirmação radicais, de quem acredita que a vida
humana está submetida a valores absolutos e de que, apesar de tudo, nos
encontramos na Terra para servir o sagrado, a todo custo.
Mais um texto absolutamente certeiro e a que muita Direita torcerá o nariz porque, tal como a Esquerda, elevam a licensiosidade ao valor mais sagrado e recusam-se a ver a realidade. Parabéns.
ReplyDeleteInfelizmente, dou-te razão no que respeita à reacção da direita. Penso que é altura dos verdadeiros defensores da Ordem e da Verdade se livrarem do rótulo de serem de "direita", que é uma noção nascida pós Rev. Francesa. A dicotomia Esquerda/Direita mais não serve a agenda negra que neste momento guia os destinos da humanidade,à qual não nos podemos de maneira nenhuma associar
DeleteBom, uma das razões que vejo para usar o termo 'Direita' é precisamente porque, tendo as origens que tem, mostra bem o que é na realidade. Antes só havia Direita. A Esquerda existe em oposição à Direita, ao antigo regime, à Ordem. Até haver Ordem outra vez, vai existir Esquerda e como tal, a sua oposição tem de usar uma designação qualquer (para efeitos de Marketing mas também para se perceber facilmente do que se fala). O que é necessário a meu ver é que a verdadeira Direita identifique os seus inimigos, incluindo aqueles que se dizem de Direita, partilhando no entanto toda a mundividência e valores com a Esquerda.
ReplyDeleteDe certa forma é o mesmo que usar reaccionário, só que ao contrário. O Reaccionarismo é uma reacção à Esquerda porque a Esquerda domina, tal como o nascimento da Esquerda foi uma reacção à Direita porque esta dominava.
Acho necessário haver termos para designar as duas facções, porque elas de facto existem. Só é preciso separar as águas melhor. Tirando reaccionário, todos os outros termos associados à Direita são, em última instância, uma forma de Esquerda ou uma mistura que eventualmente leva sempre à Esquerda total - liberalismo, conservadorismo, fascismo. Tudo o que seja democrático, essencialmente.
Tenho de discordar, a direita só existe com a esquerda e a esquerda com a direita. Nunca nenhum Rei de Portugal ou qualquer figura ligada à Tradição se auto-intitulou de ser de direita ou direitista. O reacionarismo ou a atitude reacionária não pode só almejar a ser um contraponto à esquerda, mas uma atitude e um comportamento contra as causas fundas que levaram ao aparecimento da esquerda e da direita, e isso são fenómenos que vieram muito antes até da Rev. Francesa e incluso do aparecimento do Cristianismo.
ReplyDeleteUsar o termo "direita", mesmo com as boas intenções que sei terers, só servirá para perpetuar o erro e o estado de confusão em que nos encontramos, o que mais não faz o jogo das forças ani-tradicionais.
Eu percebo o teu argumento e, em grande parte, partilho. Aliás, debato-me frequentemente com ele. Também concordo que uma atitude de simples reacção é errada. Mas não concordas que convém ter uma 'bandeira', um nome, uma designação para o que queremos?
ReplyDeleteE se sim, qual favoreces?
Eu vejo grandes problemas com as alternativas (tradicionalismo, conservadorismo, etc).
Sinceramente, penso que isso é uma questão secundária já que nada salutar crescerá neste período de confusão em que se vive. O tempo para bandeiras e movimentos já passou. No entanto, penso que Tradicionalista será o que designa melhor esse tipo de ordem que se quererá restaurar.
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