Friday, November 10, 2017

Características Judaicas Aplicadas ao Capitalismo



Terminamos aqui a nossa incursão pelo livro de Sombart, 'os Judeus e o Capitalismo Moderno', mais concretamente o capítulo XII do mesmo.

Nesta última secção, Sombart estabelecesse de forma sistematizada o paralelismo entre a mentalidade capitalística e a judaica, concluindo que as condições para o sucesso na primeira encontram-se de sobre-maneira representadas no génio judaico típico.

Mais uma vez, aconselhamos vivamente a leitura do obra completa, que promove uma introdução a todos os títulos brilhante à génese do moderno espírito financeiro no Ocidente e a correspondente influência judaica.

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Agora aparece a questão, como e de que modo as características judaicas permitiram aos judeus tornaram-se financiadores e especuladores, para de facto se envolverem com tanto sucesso em atividades económicas dentro da estrutura do sistema capitalístico como a que tiveram como matemáticos, estatísticos, médicos, jornalistas, atores e advogados? Em que medida este talento para o empreendedorismo capitalista brota dos elementos do caráter judeu?

Falando genericamente, podemos afirmar em relação a isto o que já afirmamos sobre o capitalismo e a religião judaica, de que as ideias fundamentais do capitalismo e aquelas do caráter judeu mostram uma similaridade única. Portanto temos um paralelismo triplo entre o carácter judaico, a religião judaica e o capitalismo. O que já descobrimos ser o todo envolvente traço do povo judeu? Não o era a extrema intelectualidade? E não é a intelectualidade a qualidade que diferencia o sistema capitalista de todos os outros? A habilidade organizativa nasce da intelectualidade, e no sistema capitalista encontramos a separação entre a cabeça e os braços, entre a tarefa de dirigir e aquela de produzir. “Para o melhor trabalho se encontrar totalmente finalizado, são necessárias mil mãos, mente apenas uma.” Isto resume o estado de coisas capitalístico.

A mais pura forma de capitalismo é aquela onde as ideais abstratas se encontram mais claramente expressadas. Que elas são parte e parcela do caráter judaico, já o notámos; não é agora ocasião para aprofundar a relação próxima entre o capitalismo e o judeu. De novo, as qualidades de abstração no capitalismo manifestam-se na substituição de todas as diferenças qualitativas pelas meramente quantitativas (valor de troca). Antes do capitalismo aparecer, a troca era um processo plurilateral, multicor e técnico; agora é apenas um ato especializado – aquele do mercador: antes existiam muitas relações entre comprador e vendedor; hoje só existe uma – a comercial. A tendência do capitalismo tem sido a de se livrar dos diferentes modos, costumes, dos contrastes locais e nacionais, e de estabelecer no seu lugar o nivelamento morto da cidade cosmopolita. Resumindo, tem existido uma tendência em direção à uniformidade, e nisto o capitalismo e o liberalismo têm muito em comum. Ao liberalismo já concluímos ser um parente próximo do judaísmo, e portanto encontramo-nos com o trio aparentado do capitalismo, liberalismo e judaísmo.

Como é a semelhança interior entre o primeiro e o último melhor manifestada? Não é através da agência do dinheiro, pelo meio do qual o capitalismo prospera tão bem na política de levar a cabo uma uniformidade tediosa? O dinheiro é o denominador comum, em termos pelos quais todos os valores são expressos; ao mesmo tempo, é o todo abrangente objetivo da atividade económica no sistema capitalístico. Então uma das conspicuidades de tal sistema é o sucesso. É de outro modo com o judeu? Não faz este também do aumento do capital o seu objetivo principal? E não só porque a abstração do capital é congenial à alma do judeu, mas também porque a grande conta com que o dinheiro é levado em conta (no sistema capitalista) é uma nota simpatética para o caráter judaico – a sua teleologia. O ouro torna-se o grande expediente, e o seu valor surge do facto de que pode ser realizado para muitos fins. Necessita-se de pouco esforço para demonstrar que uma natureza focada em trabalhar com vista a uma objetivo deva-se sentir atraída para algo que tem valor apenas porque é um meio para um fim. Mais, a teleologia do judeu confirma que ele premeia o sucesso. (Outro ponto de similitude, portanto, com o capitalismo.) Porque ele premeia o sucesso de forma tão elevada, ele sacrifica o hoje pelo amanhã, e a sua mobilidade só o ajuda para o executar ainda melhor. Aqui de novo observamos uma semelhança com o capitalismo. O capitalismo encontra-se constantemente na busca de algo novo, por algum modo de o expandir, de obter hoje com o motivo do amanhã. Pense-se em todo o nosso sistema de crédito. Não se torna esta característica suficientemente clara? Agora lembre-se também que os judeus encontravam-se totalmente à vontade na organização de crédito – no qual valores ou serviços que poderão, ou podem, tornar-se efetivos em alguma altura no futuro, são postos à disposição hoje. O pensamento humano pode claramente imaginar experiências e necessidades futuras, e o crédito proporciona a oportunidade através de atividades económicas atuais de produzir valores futuros. Que o crédito é extensivamente encontrado na vida moderna é algo fútil de demonstrar. A razão é igualmente óbvia: oferece oportunidades de ouro. Verdade, temos de desistir das satisfações que nascem de “nos atirarmos de cabeça para o presente.” Mas o que importa isso? O caráter judeu e o capitalismo têm mais um ponto em comum – o racionalismo prático, pelo qual quero dizer o modelar de todas as atividades de acordo com a razão.

Para tornar todo o paralelismo ainda mais claro, deixe-se-me ilustrá-lo por exemplos concretos. O judeu encontra-se bem equipado para fazer o papel de empresário pela sua força de vontade e o seu hábito de se estabelecer num determinado objetivo. A sua mobilidade intelectual é responsável pela sua prontidão para descobrir novos métodos de produção e novas possibilidades de marketing. Ele é adepto de formar organizações novas, e nesta a sua peculiar capacidade para descobrir para o que um homem se encontra melhor capacitado só o beneficia. E desde que no mundo do capitalismo não existe nada de orgânico ou natural mas apenas o que é mecânico ou artificial, a falta de entendimento do judeu acerca do primeiro não é de consequência. É por tal razão que os judeus são tão bem-sucedidos como organizadores de enormes empreendimentos capitalistas. De novo, o judeu consegue facilmente compreender relações impessoais. Já notámos que ele só possui o sentimento de dependência pessoal em pequena escala. Portanto, ele não se preocupa com o vosso “patriarcalismo” grisalho e presta pouca atenção aos traços de sentimentalidade que são encontrados nos contratos de trabalho. Em todas as relações entre vendedores e compradores, e entre empregadores e empregados, ele tudo reduz a uma base legal e puramente comercial. Na lutar dos trabalhadores para obterem acordos coletivos entre eles e os patrões, que deverão regular as condições do seu trabalho, o judeu encontra-se invariavelmente do lado dos primeiros.

Mas se o judeu encontra-se bem equipado para ser um empresário, ainda mais o será para o papel de mercador. As suas qualidades a este respeito são praticamente inumeráveis.

O negociante habita em números, e em números o judeu sempre se encontrou no seu elemento. O seu amor pelo abstrato tornou os cálculos fáceis para ele; é o seu ponto forte. Agora, um talento calculador combinado com uma capacidade para sempre trabalhar com um fim à vista, já conquistou meia-batalha para o negociante. Ele encontra-se capacitado para sopesar as hipóteses, as possibilidades e as vantagens de qualquer situação dada, de eliminar tudo que é desnecessário, e para avaliar tudo em termos de números. Dê-se a este calculador sóbrio uma forte dose de imaginação e encontrar-se-á o perfeito especulador. Para fazer o inventário de qualquer estado de coisas a uma grande velocidade, para prever mil eventualidades, capturar a mais valiosa e agir de acordo com tal – isso, como já apontámos, é o objetivo do negociante. Para tudo isto o judeu possui as necessárias dádivas da mente. Gostaria de enfatizar expressamente o parentesco próximo entre as atividades do inteligente especulador e aquelas do médico inteligente que consegue com sucesso diagnosticar uma doença. O judeu, por causa destas qualidades, encontra-se eminentemente equipado para ambas.

Um bom negociante tem de ser um bom negociador. Que mais inteligentes negociadores existem para além dos judeus, cuja habilidade nesta área há muito foi reconhecida e utilizada? Para se adaptar às necessidades de um mercado, para cumprir qualquer específica forma de exigência, é o requisito primordial para o negociante. Que o judeu com a sua de adaptabilidade pode-o fazer melhor que ninguém é óbvio. A segunda é o poder de sugestão, e nisto o judeu encontra-se bem qualificado pela sua capacidade de colocar-se na situação do outro.

Para onde olharmos a conclusão que se força em nós é de que a combinação deste cardápio de qualidades não se encontram tão perfeitamente representadas como no judeu para a realização dos melhores resultados capitalistas. Não existe necessidade para mim de levar o paralelismo ainda mais longe; o leitor inteligente pode facilmente fazê-lo pelos seus meios. Apenas direcionaria a sua atenção para mais um ponto antes de deixar este assunto – o paralelismo entre a inquietação febril do negócio da bolsa de valores, sempre obcecado em perturbar a tendência em direção a um equilíbrio, e a agitada natureza do judeu.

Noutro lugar procurei caracterizar o empreendedor ideal em três palavras – ele deve ser desperto, inteligente e industrioso. Desperto: isto é dizer, rápido de entendimento, certeza no julgamento, deve pensar duas vezes antes de falar e ser capaz de atacar no momento correto. Inteligente: isto é dizer, ele tem de possuir um conhecimento do mundo, deve estar seguro de si no seu julgamento e no seu tratamento de homens, certo do seu julgamento numa dada conjetura; e, acima de tudo, familiar com as fraquezas e os erros daqueles à sua volta. Industrioso: isto é dizer, cheio de ideias. O empreendedor capitalista tem de possuir três qualidades adicionais: ele tem de ser ativo, sóbrio e minucioso. Por sóbrio, quero dizer livre de paixão, de sentimento, de idealismo impraticável. Por minucioso, quero dizer confiável, consciencioso, ordenado, arrumado e frugal.


Acredito que este esboço grosseiro irá, em traços largos, representar o empreendedor capitalista e, não menos, o judeu.

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